No Cenáculo, na noite anterior à sua paixão, o Senhor rezou pelos discípulos, reunidos ao seu redor, estendendo ao mesmo tempo o olhar para a comunidade dos discípulos de todos os séculos.
Na sua oração pelos discípulos de todos os tempos todos nós estamos incluídos. Por isso, Ele rezou por nós. O Senhor pede pela nossa santificação na verdade e nos envia a continuar a Sua missão. Somente agora podemos compreender o profundo significado da oração que o Senhor apresentou ao Pai pelos discípulos, por nós. Ele os consagrou na verdade, isto é, integrou os apóstolos no sacerdócio de Cristo: uma instituição do sacerdócio novo para a comunidade dos fiéis de todos os tempos.
Ele os consagrou na verdade. Eis a verdadeira oração de consagração dos Apóstolos, a fim de que, a partir de Cristo, pudessem desempenhar o serviço sacerdotal no mundo. Por conseguinte os discípulos são atraídos para o íntimo de Deus por meio da sua imersão na Palavra de Deus. A Palavra de Deus é, por assim dizer, a ablução que os purifica e transforma em Deus:
“Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade! Esta palavra da integração no sacerdócio ilumina a nossa vida e convida-nos a tornar-nos, sem cessar, discípulos daquela verdade que se manifesta na Palavra de Deus”.
De fato, há apenas um único sacerdote da Nova Aliança: o próprio Jesus Cristo. Por conseguinte, o sacerdócio dos discípulos é participação no sacerdócio de Jesus. Assim, o nosso sacerdócio nada mais é que um novo modo de unir-nos a Cristo. A união com Cristo supõe renúncia.
“No ‘sim’ da Ordenação sacerdotal, fizemos a renúncia fundamental à autonomia, à auto-realização. No entanto, é preciso, dia após dia, cumprir este grande ‘sim’ entre os demais ‘sins’ e nas pequenas renúncias. Se cultivarmos uma verdadeira familiaridade com Cristo, então poderemos experimentar a alegria da sua amizade”
Dentro deste processo, faz parte a oração, com a qual nos exercitamos na amizade com Cristo e aprendemos a conhecê-Lo: o seu modo de ser, de pensar, de agir. Rezar é progredir na comunhão pessoal com Cristo, expondo-lhe a nossa vida diária, nossos sucessos e falências, nossas fadigas e alegrias. É apresentar-nos, simplesmente, diante d’Ele.
É importante rezar com a Igreja, celebrar a Eucaristia que é oração. Como sacerdotes, mediante a celebração Eucarística, encaminhamos os fiéis à oração.
Se nos tornamos um com Cristo, aprenderemos a reconhecê-Lo de modo especial nos doentes, nos pobres, nos pequenos deste mundo; tornar-nos-emos pessoas que servem os irmãos. Queridos amigos, concluiu o papa, nesta hora da renovação das promessas, queremos pedir ao Senhor que nos torne homens de verdade, homens de amor, homens de Deus. Peçamos-Lhe que nos torne verdadeiramente sacerdotes da Nova Aliança.
Fonte: Parte da Homilia da Missa do Crisma presidida pelo Papa Emérito Bento XVI. Quinta feira, 09 de Abril de 2009. Cidade do Vaticano.