Já estamos habituados à palavra “advento”. Sabemos o que significa, mas precisamente pelo fato de nos termos familiarizado com ela, talvez não cheguemos a compreender toda a riqueza que esse conceito encerra.
Advento significa “chegada”.
Assim, devemos perguntar-nos: quem é que chega? e por que vem? Para esta pergunta, encontramos logo a resposta. Até os pequeninos sabem que é Jesus que vem, para eles e para todos os homens. Vem numa noite a Belém, nasce numa gruta que servia de estábulo para os animais.
Isto, que as crianças sabem, sabem-no igualmente os adultos que compartilham a alegria dos pequeninos e que na Noite de Natal parece tornarem-se, também eles, criancinhas. Contudo, muitas são as interrogações que devemos pôr-nos. O homem tem o direito, e mesmo o dever, de perguntar, para saber. Há ainda, porém, quem duvide, e, embora compartilhe a alegria do Natal, pareça estranho à verdade que ele encerra.
É por isso que temos o tempo do Advento, de modo que todos os anos possamos penetrar de novo nesta verdade essencial do cristianismo.
Duas realidade fundamentais
A verdade do cristianismo corresponde a duas realidades fundamentais que não podemos nunca perder de vista. Ambas estão intimamente ligadas entre si. E, precisamente, este ligame, tão íntimo que uma realidade parece explicar a outra, é a nota característica do cristianismo. A primeira realidade chama-se “Deus”; a segunda, “o homem”.
É precisamente o mistério da Encarnação que, por si mesmo, explica esta relação. E é por isso que o cristianismo não é só uma “religião de advento”, mas é o próprio Advento. O cristianismo vive o mistério da vinda de Deus até ao homem, e com esta realidade palpita e pulsa constantemente. Ela é, simplesmente, a vida mesma do cristianismo. Trata-se de uma realidade ao mesmo tempo profunda e simples, aberta à compreensão e à sensibilidade de cada um dos homens e sobretudo de quem, por ocasião da noite de Natal, sabe tornar-se criança. Não foi em vão que, uma vez, Jesus disse: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não entrareis no reino dos céus (Mt 18, 3).
Fonte: Parte da catequese de São João Paulo II, durante a Audiência Geral ocorrida em 29 de novembro de 1978 em Roma.