“Deus Pai de misericórdia… te conceda, mediante o ministério da Igreja, o perdão e a paz”. Esta fórmula de absolvição presente no documento Ordo Paenitentiae, permite o retorno do homem pecador a Deus e se restabelece a sua ordem interior
Os sacramentos não dependem da santidade dos ministros
O sacramento da Penitência — ministério da Igreja — produz o perdão de Deus, enquanto atua por virtude divina, quaisquer que sejam o mérito ou o demérito pessoal e as qualidades humanas do ministro: quanto a isto, assim ensina (para todos os sacramentos, não só para o da Penitência) o Catecismo da Igreja Católica: “Os sacramentos conferem a graça que significam. São eficazes, porque neles age Cristo mesmo: é Ele que batiza, é Ele que atua nos seus sacramentos, para comunicar a graça que o sacramento significa. O Pai atende sempre a oração da Igreja do seu Filho” (n° 1127); “E este o significado da afirmação da Igreja: os sacramentos agem ex opere operato”, ou seja, pela ‘graça operada’ (n° 1128).
A paz sobrenatural oriunda do Sacramento da Penitência
Sem dúvida, a paz anunciada pela fórmula sacramental, paz sobrenatural e que, portanto, exsuperat omnem sensum (“que excede todo o entendimento” Fl 4,7), vem também da graça que Deus operou na alma do penitente. A percepção gratificante desta paz por parte do penitente depende também, em grande medida, da santidade pessoal do sacerdote, ministro do sacramento da Penitência, da sua sabedoria cultivada no estudo, da sua sensibilidade psicológica, da sua humanidade acolhedora: ele, com efeito, encoraja a perseverar na graça restituída, e alimenta a confiança na possibilidade de salvação, estimula a humilde gratidão para com o Senhor, e ajuda (salvo casos patológicos ou nos limites da normalidade) a reconstruir o equilíbrio da consciência e a salubridade do juízo.
Santidade, sensibilidade psicológica e humanidade acolhedora do ministro.
Que o ministério penitencial seja um dom paterno e fraterno, acompanhado da vossa oração e do vosso sacrifício pelas almas, que o Senhor põe no vosso caminho: “Por vocês… pois vou completando em minha carne o que falta nas tribulações de Cristo, a favor do seu corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24). Deste modo, o exercício do ministério é santo e é instrumento de santificação para o próprio ministro.
Ao sacerdote confessor incumbe o dever grave de possuir doutrina moral e canônica adequada, pelo menos, em relação ao comportamento humano no ordinário dos casos, tendo em conta particularmente as condições gerais da cultura dominante. Digo pelo menos, mas acrescento imediatamente que essa preparação doutrinal deve sempre aumentar e consolidar-se, com base nos grandes princípios dogmáticos e morais, os quais consentem resolver catolicamente, também as situações problemáticas que se apresentam às consciências, na incessante evolução cultural, técnica e econômica, e assim por diante, da história humana.
Fonte:  Parte do discurso do Papa João Paulo II, aos membros da Penitenciaria Apostólica e aos Padres Penitencieiros das Basílicas Romanas. Dado no Sábado, 27 de março de 1993.