A Igreja celebra a Festa do Sagrado Coração de Jesus na sexta-feira da semana seguinte à Festa de Corpus Christi. O coração é mostrado na Escritura como símbolo do amor de Deus. No Calvário o soldado abriu o lado de Cristo com a lança (cf. João 19,34). Diz a Liturgia que aberto o seu Coração divino, foi derramado sobre nós torrentes de graças e de misericórdia. Jesus é a Encarnação viva do Amor de Deus, e seu Coração é o símbolo desse Amor.
Os santos Padres, testemunhas verazes da doutrina revelada, advertiram muito oportunamente o que já Paulo apóstolo claramente significara, a saber: que o amor divino é como o princípio e a culminância da obra da encarnação e redenção. Lê-se frequentemente nos escritos deles que Jesus Cristo tomou em si a natureza humana perfeita, o nosso corpo frágil e caduco, para nos proporcionar a salvação eterna e manifestar, patentear em forma sensível o seu infinito amor a nós.
São Justino: Cristo nosso remédio
“Amamos e adoramos o Verbo nascido de Deus inefável e que não tem princípio; já que ele se fez homem por nós para que, tornado participante das nossas doenças, proporcionasse-nos o seu remédio”;
São Basílio: afetos sensíveis de Cristo foram verdadeiros e ao mesmo tempo santos:
“É manifesto que o Senhor possuiu os afetos naturais em confirmação da sua verdadeira, e não fantástica, encarnação; manifesto é também que ele repeliu como indignos da divindade os afetos viciosos, que mancham a pureza da nossa vida”.
São João Crisóstomo: As emoções sensíveis de que o Senhor deu mostra, provam irrecusavelmente haver ele possuído integralmente a nossa natureza humana:
“A não haver ele possuído a nossa natureza, não teria experimentado, uma e mais vezes, a tristeza”.
Santo Ambrósio: A união hipostática é a origem natural dos afetos e sentimentos que o Verbo de Deus encarnado experimentou:
“Portanto, já que ele tomou a alma, tomou as paixões da alma; pois Deus, como Deus que é, não podia perturbar-se nem morrer”.
São Jerônimo: o principal argumento para provar que Cristo assumiu realmente a natureza humana:
“nosso Senhor entristeceu-se realmente, para manifestar a sua humana natureza”
Santo Agostinho faz notar a íntima união existente entre os sentimentos do Verbo encarnado e a finalidade da redenção humana ao dizer:
“O Senhor revestiu-se dos afetos da fragilidade humana, do mesmo modo que aceitou a fragilidade da nossa carne e a morte desta, não por necessária coação, mas sim pelo estímulo da sua misericórdia, para assimilar a si o seu corpo; que é a Igreja, da qual ele se dignou ser a cabeça, ou seja, assimilar seus membros em seus santos e fiéis; de modo que, se por efeito das tentações humanas algum deles se entristecesse e sofresse, nem por isso pensasse estar privado do influxo da sua graça; e, assim como um coro fica alerta à voz que lhe dá o tom, assim também o seu corpo soubesse da sua cabeça que por si mesmos, tais movimentos não são pecado, senão somente indício da humana fragilidade”;
São João Damasceno atestam a doutrina da Igreja:
“O Deus todo tomou todo o homem, e o todo se uniu ao todo para proporcionar a salvação do homem todo. De outra maneira não teria ele podido sanar aquilo que não assumiu”. “Tomou, pois, tudo para santificar tudo”.
São João Paulo II: Verdadeira reparação o Sagrado Coração de Jesus:
“Próximo do coração de Cristo, o coração humano aprende a conhecer o sentido verdadeiro e único da vida e do próprio destino, a compreender o valor de uma vida autenticamente cristã, a prevenir-se de certas perversões do coração, a unir o amor filial a Deus com o amor ao próximo. Assim e é a verdadeira reparação exigida pelo Coração do Salvador sobre as ruínas acumuladas pelo ódio e pela violência, poderá ser edificada a civilização do Coração de Cristo.”(São João Paulo II).
Fonte: Parte do documento HAURIETIS AQUAS, (Cap. II; 24-25)