É pela sua Cruz que estamos salvos. O instrumento de suplício que na Sexta-Feira Santa tinha manifestado o juízo de Deus sobre o mundo, tornou-se fonte de vida, de perdão, de misericórdia, sinal de reconciliação e de paz. “Para ser curados do pecado, olhamos para Cristo crucificado!” dizia Santo Agostinho (Tract. in Johan., XII, 11). A Igreja convida-nos a erguer com ousadia esta Cruz gloriosa, a fim de que o mundo possa ver até onde chegou o amor do Crucificado pelos homens, por todos os homens. É sobre este madeiro que Jesus nos revela a sua soberana majestade, nos revela que Ele é exaltado na glória. Sim, “Vinde, adoremo-Lo!”. No meio de nós, encontra-se Aquele que nos amou até ao ponto de dar a sua vida por nós, Aquele que convida todo o ser humano a aproximar-se d’Ele com confiança.
Cristo, morrendo sobre a cruz, a consagrou. Ele fez da Cruz o altar em que se imola a Si mesmo, a cátedra de onde nos instrui, e o trono de onde reina sobre o mundo.
Na Cruz, Nosso Senhor nos ensina a santidade. Ali, elevado, nos mostra o que realmente tem valor nesse mundo: fazer em todas as coisas a vontade de Deus. Ali, elevado no madeiro, nos ensina todas as virtudes: a fortaleza, a paciência, a mortificação, a caridade, enfim… No madeiro, flagelado e coroado de espinhos, Jesus nos ensina a gravidade e as consequências do pecado. Nos ensina que podemos obter misericórdia, com o exemplo do bom ladrão e infelizmente, podemos recusar a graça, como o mau ladrão. Ali, Ele nos ensina o valor da graça da nossa alma, resgatada a um alto preço: Seu Sangue derramado, Sua flagelação, angústia e crucificação.
A Cruz de Cristo é o trono de onde Ele reina. Ele reina, tendo agradado infinitamente com Seu sacrifício na Cruz. Ele reina sobre nós, tendo-nos redimido e resgatado com Seu Sangue. Ele reina sobre a morte e o inferno, tendo ressuscitado em virtude de sua morte na Cruz. Ele reina sobre todas as criaturas e, diante d’Ele, todo joelho deve se dobrar no céu, na terra e no inferno. Pela Cruz, Cristo foi anunciado, conhecido, adorado, amado por toda a terra. O Senhor reinou a partir do madeiro.
A Cruz de Cristo deve ser exaltada, Cruz de onde pendeu a nossa Salvação! Mas quantos, infelizmente, são os inimigos da Cruz de Cristo.
Na experiência pessoal de São Paulo há um dado incontestável: enquanto no início fora um perseguidor e recorrera à violência contra os cristãos, a partir do momento da sua conversão no caminho de Damasco passara a caminhar do lado de Cristo crucificado, fazendo dele a sua razão de vida e o motivo da sua pregação. A sua existência foi inteiramente consumida pelas almas (cf. 2 Cor 12, 15), nada tranquila nem protegida contra ameaças e dificuldades. “Porque a linguagem da Cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas poder de Deus para os que se salvam, isto é, para nós. Nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 18-23).
Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!
“Eis a cruz do Senhor! Fugi forças inimigas! Venceu o Leão de Judá, A raiz de David! Aleluia!” (oração de Santo Antonio)