A verdadeira devoção a Maria Santíssima leva à imitação das suas virtudes
Nem a graça do Redentor divino, nem a intercessão poderosa da Sua Mãe e nossa Mãe espiritual, nem a sua excelsa santidade poderiam conduzir-nos ao porto da salvação, se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Santa com a devota imitação das suas sublimes virtudes.
É, pois, dever de todos os cristãos imitar com espírito reverente os exemplos de bondade que lhes foram deixados pela Mãe do Céu. É esta, veneráveis Irmãos, a outra verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção e a dos filhos confiados aos vossos cuidados pastorais, para que eles aceitem favoravelmente a exortação dos Padres do Concílio Vaticano II: «Recordem-se os fiéis de que a devoção autêntica não consiste em sentimentalismo estéril e passageiro ou em vã credulidade, mas procede da fé verdadeira que nos leva a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e nos incita a um amor filial para com a nossa Mãe, e à imitação das suas virtudes».
É a imitação de Jesus Cristo, indubitavelmente, o régio caminho a percorrer para chegar à santidade absoluta do Pai celeste. Mas, se a Igreja Católica sempre proclamou esta verdade tão sacrossanta, também afirmou que a imitação da Virgem Maria, longe de afastar as almas do fiel seguimento de Cristo, o torna mais amável, mais fácil; na verdade, havendo Ela cumprido sempre a vontade de Deus, mereceu em primeiro lugar o elogio que Jesus Cristo dirige aos discípulos: «Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mt 12,50).
«Per Mariam ad Jesum»
É, também, válida para a imitação de Cristo a norma geral: «Per Mariam ad Jesum». Não se perturbe, porém, a nossa fé, como se a intervenção de uma criatura em tudo semelhante a nós, menos no pecado, ofendesse a nossa dignidade pessoal e impedisse a nossa intimidade e a nossa relação imediata de adoração e de amizade com o Filho de Deus. Reconheçamos antes a «bondade de Deus nossos Salvador» (cfr. Tit 3,4), o qual, condescendendo com a nossa miséria tão afastada da sua infinita santidade, nos quis ajudar a imitá-la propondo-nos o modelo da pessoa humana de Sua Mãe. Ela, na verdade, entre as criaturas humanas oferece o exemplo mais brilhante e, ao mesmo tempo, mais perto de nós daquela perfeita obediência com a qual nos conformamos amorosa e prontamente aos desejos do Pai eterno; e o próprio Cristo, como bem sabemos, foi nesta plena adesão à vontade do Pai que disse estar o ideal supremo da sua conduta humana, ao declarar: «Eu faço sempre o que é do seu agrado» (Jo 8,29).
Fonte: Exortação Apostólica SIGNUM MAGNUM, de Sua Santidade Papa Paulo VI, consagrada ao culto da Virgem Maria, Mãe da Igreja e modelo de todas as virtudes.