O mês de Novembro inicia com a celebração litúrgica de Todos os Santos e das almas dos Fieis Defuntos e se encerra com a celebração de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, quando também encerra-se o próprio Ano Litúrgico. São oportunidades de refletirmos sobre o fim e sobre as realidades últimas, os chamados Novíssimos.

Ainda que não seja tida como uma reflexão ‘agradável’, é preciso pensar na morte e no rumo que temos tomado em nossa vida, pois é este o tempo de decidirmos nossa eternidade. Santo Antônio de Pádua nos ensina que: “Quem se humilha no pensamento da morte, põe em ordem toda sua vida, e está atento a tudo que o rodeia. Afasta de si a ociosidade, se anima nos trabalhos, confia na misericórdia do Senhor, e dirige o curso de uma existência vazia ao porto da eternidade”.

O ensinamento da Igreja Católica a respeito dos Novíssimos é muito claro: uma só vida, uma só morte, um só julgamento e uma só eternidade. No Catecismo lemos que, como cristãos, se unimos nossa própria morte à de Jesus, podemos vê-la como um caminhar ao Seu encontro, uma entrada na Vida Eterna. A morte põe fim ao tempo aberto para acolhermos ou recusarmos a Graça de Deus, manifestada em Cristo. São Cipriano, vai dizer que: “Quando partimos desta vida, já não é possível fazer penitência e não tem efeito satisfatório. Aqui se perde ou se ganha a vida.” – aqui nesta Terra podemos acolher ou recusar o convite para vivermos com Deus eternamente.

Está claro então que o destino último da alma de cada um se dará segundo o que ‘decidiu’ em sua vida terrena, sendo diferente para uns e outros. Cada um receberá, a partir do momento da morte, no Juízo Particular, a retribuição eterna, seja através de uma purificação (Purgatório), seja para entrar logo na felicidade do Céu, seja para condenar-se de imediato para sempre (Inferno). Falemos sobre essas realidades:

Purgatório: estado em que aqueles que, embora já estejam salvos, não se encontram ainda livres por completo da culpa e das penas devidas ao pecado venial e passam então, temporariamente, por um processo de purificação, preparando-se assim para entrar naquele celeste santuário que nada impuro pode adentrar. É sofrimento e dor, sim, para a purificação, mas com a consoladora certeza do Céu.

Céu: não é um lugar acima das nuvens, mas sim, um estado de total Felicidade capaz de realizar todas as aspirações do ser humano. No Céu participamos da Vida de Deus. E quanto maior for o amor que a pessoa desenvolveu neste mundo, mais penetrante será a participação na Vida de Deus. Assim, no Céu todos são felizes, mas em graus variados, pois cada um é correspondido na medida exata do seu amor.

Inferno: é um estado de total infelicidade. É viver eternamente sem Deus, sem amar, sem ser amado. A alma percebe que Deus é o Bem Maior, mas sua livre vontade o rejeita e sabe que estará para sempre incompatibilizada com Deus. Isso gera um imenso vazio na alma que passa a odiar a Deus e às suas criaturas. Vai para o inferno quem faz uma recusa a Deus consciente, livre e voluntária. O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do Inferno.

“Como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que, no termo da nossa vida terrena, que é só uma, mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser contados entre os benditos, e não sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos, no fogo eterno, nas trevas exteriores, onde ‘haverá choro e ranger de dentes’”.