Tem um filme antigo mais muito bom, que conta sobre a vida de São Vicente de Paulo. Este filme mostra em um dado momento, São Vicente descobrindo que durante a noite, algumas mulheres abandonavam nas ruas seus bebes recém nascidos. São Vicente ficou comovido com esta situação. Ele fez uma reunião com mulheres da sociedade, e colocou sobre a mesa um destes bebês abandonado. São Vicente disse para elas: “Deus me pede para salvar esta criança antes de outra miséria. Colocarei outras crianças nesta mesa, vocês verão se debater e lhes pedir a vida!”.
Aquelas mães e mulheres da alta sociedade, olhavam para aquela criança chorando, e todas elas recusaram a proposta de São Vicente. Este episódio aconteceu há dois séculos. Era o início do endurecimento do coração feminino, que não sabia mais o que fazer com a criança, quando aparecia suplicando cuidados maternos.
O clamor de São Vicente de Paulo pela vida é profético, quando ele tomado de compaixão disse que: “Vocês virão outras crianças a se debaterem a lhes pedir vida”. Cada vez mais vemos crianças se debatendo pedindo vida, dentro da própria casa, onde seus pais estão demasiadamente compromissados, para se ocuparem com elas.
No Brasil está crescendo o número de escolas públicas, onde os alunos permanecem estudando em tempo integral. O Rio Grande do Sul tem 104 escolas que participam do Programa Escola em Tempo Integral. O estado do Paraná tem 73 escolas, enquanto Santa Catarina conta com 30 escolas, onde crianças entram no turno da manhã, e só voltam para as suas famílias no final da tarde.
Então no Brasil muitas são as crianças que vivem a experiência, de logo ao nascerem serem entregues à creches, onde permanecem o dia todo. Depois no ensino fundamental e médio, permanecem em tempo integral na escola. Estas crianças estão sendo privadas do convívio familiar, e de todos os benefícios que só esta instituição pode oferecer para elas.
A modernidade tem asfixiado estas crianças com compromissos, desenraizado elas de sua origem e dos laços sanguíneos.
A modernidade é implacável e ela pede o preço do resgate!
Cleonice M. Kamer