A Encíclica “Humanæ vitæ” (Sobre a Vida Humana) foi publicada pelo Papa Paulo VI em 25 de julho de 1968. Na época, os anticoncepcionais químicos tinham sido colocados no mercado havia pouco tempo, e a chamada “revolução sexual” começava a desafiar os padrões morais e impor sua visão do homem, da mulher e da sexualidade.
Estamos trazendo parte desta Encíclica onde aborda as graves consequências dos métodos de regulação artificial da natalidade, as quais, podemos observar nitidamente em nossos dias.
Graves consequências dos métodos de regulação artificial da natalidade
Os homens retos poderão convencer-se ainda mais da fundamentação da doutrina da Igreja neste campo, se quiserem refletir nas consequências dos métodos da regulação artificial da natalidade.
1. Infidelidade conjugal:
Considerem, antes de mais, o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infidelidade conjugal e à degradação da moralidade.
Não é preciso ter muita experiência para conhecer a fraqueza humana e para compreender que os homens – os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto – precisam de estímulo para ser fiéis à lei moral e não se lhes deve proporcionar qualquer meio fácil para eles se esquivarem a sua observância.
2. Perda do devido respeito a mulher
É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada.
3. Controle externo dos nascimentos
Pense-se ainda seriamente na arma perigosa que se viria a pôr nas mãos de autoridades públicas, pouco preocupadas com exigências morais. Quem poderia reprovar a um governo o fato de ele aplicar à solução dos problemas da coletividade aquilo que viesse a ser reconhecido como lícito aos cônjuges para a solução de um problema familiar? Quem impediria os governantes de favorecerem e até mesmo de imporem às suas populações, se o julgassem necessário, o método de contracepção que eles reputassem mais eficaz? Deste modo, os homens, querendo evitar dificuldades individuais, familiares, ou sociais, que se verificam na observância da lei divina, acabariam por deixar à mercê da intervenção das autoridades públicas o setor mais pessoal e mais reservado da intimidade conjugal.
4. Missão de gerar vida exposta ao arbítrio dos homens
Portanto, se não se quer expor ao arbítrio dos homens a missão de gerar a vida, devem-se reconhecer necessariamente limites intransponíveis no domínio do homem sobre o próprio corpo e as suas funções; limites que a nenhum homem, seja ele simples cidadão privado, ou investido de autoridade, é lícito ultrapassar. E esses mesmos limites não podem ser determinados senão pelo respeito devido à integridade do organismo humano e das suas funções naturais, segundo os princípios acima recordados e segundo a reta inteligência do “princípio de totalidade”, ilustrado pelo nosso predecessor Pio XII.
Fonte: Parte da Carta Encíclica Humanae Vitae de Paulo VI. Capítulo II, 17. Conteúdo disponível em .vatican.va.