Há uns quatro anos a nossa família mora aos pés da encosta da mata atlântica, no norte de Santa Catarina. É muito comum e rotineiro, acordamos todas as manhãs com o barulho dos pássaros, e com o som de outras aves silvestres. Mas algo diferente aconteceu bem no inicio desta semana, por dois dias consecutivos: os pássaros não cantaram e as outras aves não fizeram barulho. É como se esses animais tivessem se recolhido, a natureza silenciou de um modo que nos chamou muito a atenção. Comentamos este fato em família. No segundo dia que se repetiu este silencio da natureza, recebemos a comunicação que em todo o Estado de Santa Catarina, foi proibido a celebração da Santa Missa para os fiéis, no período, por enquanto, de um mês.

Quando aconteceu o tsunami em 2004, antes de as ondas aparecerem com violência, os animais recuaram, pássaros, animais domésticos e animais de grande porte, subiram as montanhas. Parece que os animais, por ainda se manterem “obedientes” a ordem que Deus concedeu a eles: de se produzirem segundo a sua espécie (Gn 1, 24), eles estão atentos ao que ocorre no tempo e na natureza.
O Ser humano, que foi criado acima de toda a criação (Gn 1, 28), as vezes por estarem submersos nas distrações, acabam perdendo a sensibilidade e não percebem o que está acontecendo com o mundo.

A notícia para os catarinenses, do decreto do Governo estadual, proibindo a participação publica da Santa Missa, nos chegou como um tsunami: O Esposo foi retirado do meio de nós, (Mt 9, 15) mesmo que temporariamente, é causa de muita dor. A Eucaristia que é a fonte de graças da qual tanto necessitamos nos dias de hoje, nos foi retirada.

Será que compreendemos o tempo em que estamos vivendo? Aliás, foi através desta interrogação que Santo Agostinho teve a conversão dele. Quando ele abriu o coração para as palavras de São Paulo aos Romanos que diz: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar … despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz”. (Rm13, 11)

Que Santo Agostinho interceda por nós, pela nossa conversão, pois chegará um tempo que não terá mais tempo (Mt 25, 10).

Cleonice M. Kamer