Já conhecemos dois dos pilares de uma Nova Fundação, ou seja, a vida de oração e a vida fraterna; hoje vamos meditar sobre o terceiro pilar que é o apostolado (missão).
“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.” (Lc 10, 1-9).
Por que e para que vivemos em Comunidade? “Eis-me aqui, ó Deus, venho para fazer a tua vontade.” (Hb 10,5-7). A vontade do Deus que separa o homem para seu serviço é esta: “a vossa santificação” (I Tes 4,3).
A missão dentro da vida comunitária depende essencialmente da vida de oração e da vivência fraterna entre os irmãos. Ninguém evangeliza com frutos sem oração e sem a comunhão com os irmãos na vida fraterna.
Da qualidade da nossa vida com Deus, depende a qualidade da nossa vida fraterna; da qualidade da nossa vida fraterna depende a qualidade e eficácia da nossa missão.
1. Da qualidade da nossa vida com Deus, depende a qualidade da nossa vida fraterna:
Se rezarmos bem e alimentarmos uma real amizade com Deus, consequentemente, ao nosso redor, haverá uma boa convivência fraterna.
Estar bem com Deus não depende somente da boa vontade humana, é um processo que passa e repassa toda a história pessoal e familiar, por isso, o Senhor falou através do Apóstolo São Paulo:
“Ele manifestou o misterioso desígnio de sua vontade… de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra.” (Ef 1,9). Em algumas traduções esta palavra“reunir”está traduzida como “recapitular”, pois é necessário recapitular Nele toda a nossa história de salvação. Conhecer os desígnios Dele a nosso respeito e dar graças por tudo que nos acontece e nos aconteceu; esta experiência não se dá de uma hora para outra, é um processo que exige perseverança, paciência e acompanhamento espiritual dentro do carisma da fundação.
Engana-se quem pensa que pode conhecer a si mesmo, e conhecer a Deus sozinho, o autoconhecimento exige a ajuda de outro (formador pessoal). Se tratando de uma Nova Fundação, este outro ser alguém que partilha do mesmo carisma.
2. Da qualidade da nossa vida fraterna depende a qualidade e eficácia da nossa missão:
Conviver bem não basta, é preciso amar. Amar o outro é o maior desafio da vida comunitária, e tudo começa no sentir-se amado e ser importante para Deus; se ainda não sentimos a paternidade e providência de Deus, dificilmente poderemos viver a obediência às autoridades e a fraternidade com os irmãos.
Amar é uma graça, mas também uma virtude que se aprende, é preciso reconhecer: – não sei amar, sou insensível – somente assim, Aquele que veio para salvar os pecadores nos ensinará a amar, Ele, o mestre do amor, que sabe amar e nos ensina a amar.
Está escrito: “Retirai-vos de mim, operários maus!”
Precisamente os operários maus são aqueles que pensam evangelizar sem a graça de Deus e sem a colaboração dos irmãos, homem assim é comparável aqueles que possuem dons artísticos no mundo, que conquistam multidões para si e não para Deus, e pior, depois de seus shows caem nos piores tipos de vazios e se lançam na perversidade.
Na prática, quando os irmãos se lançam juntos na evangelização e estão envoltos em sentimentos de inveja, ciúmes, mágoas, discórdias, murmurações e tantos outros pecados e tentações, a unção não flui, a graça que poderia acontecer fica estagnada, e aquilo que acontece acaba sendo sem méritos.
Disse o Senhor:
“Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!” (Mt 7, 22-23). Portanto, se quisermos realmente evangelizar precisamos ser orantes, ser amigos de Deus, viver a fraternidade com todos que nos rodeiam, amando, perdoando e pedindo perdão; caso contrário, cedo ou tarde ouviremos: Nunca vos conheci.
