A iniciativa de Deus sempre precede qualquer ação do homem. Mesmo no caminho rumo a Ele, é Ele quem primeiro nos ilumina, nos orienta e nos conduz, e é sempre Ele quem nos faz entrar na sua intimidade, revelando-se e doando-nos a graça para acolher essa revelação na fé. Não nos esqueçamos, nunca, da experiência de Santo Agostinho: não somos nós que chegamos a possuir a Verdade quando a procuramos, mas é a Verdade quem nos procura e nos possui.

Hoje, como sabemos, não faltam dificuldades e provações para a fé, muitas vezes mal compreendida, desafiada, rejeitada. São Pedro diz “Estai sempre prontos a responder, com mansidão e respeito, a quem vos pedir razões da esperança que vos habita o coração” (1 Pd 3,15)

Santo Agostinho nos propõe: “Deus está mais perto de mim do que eu de mim mesmo” (cf. Confissões, III, 6, 11). É no homem interior que habita a Verdade. Especialmente na realidade dos nossos dias, não devemos esquecer que um caminho para o conhecimento e para o encontro com Deus é a vida de fé, o relacionamento pessoal com Jesus em cada fato da vida. “Nos fizeste, Senhor, para ti, e nosso coração está inquieto, até que descanse em ti.”

O Batismo nos concede o direito e o dever de professar, oportuna e inoportunamente, a fé, obedecendo a Sua Palavra, Seus Mandamentos, unidos com Deus, abertos à Sua Graça. Assim, a nossa existência se torna testemunha não de nós mesmos, e sim do Ressuscitado, e não temos medo de testemunhar nossa pertença a Ele. A fé é este encontro permanente com Deus, que fala e que age na história e na nossa história e que converte a nossa vida diária, transformando a nossa mente, os nossos juízos de valor, as nossas escolhas e as nossas ações concretas. Não é ilusão, escapismo, refúgio cômodo, sentimentalismo, mas é envolvimento de toda a vida, anúncio do Evangelho, Boa Nova que pode libertar o homem todo. Um cristão, uma comunidade abrasada pela fé e fiel ao plano de Deus, que nos amou primeiro, é uma via privilegiada para os que tem sede do Amor, da Verdade, de sentido para sua história e de destino eterno.

Muitos têm uma concepção limitada da fé cristã, sem dogmas, sem limites, sem disciplina, sem fidelidade , enfim… ilusória, onde o “deus” é o próprio “eu”. Na verdade, como fundamento de toda a doutrina e valor, temos o acontecimento do encontro entre o homem e Deus em Cristo Jesus. O cristianismo, é o aceitar a pessoa de Jesus. Por esta razão, o cristão e as comunidades cristãs devem olhar e fazer olhar em primeiro lugar para Cristo, e confessar: “Tu és o Cristo o Filho de Deus Vivo”, como Pedro, prostrar-se como Tomé: “Meu Senhor e Meu Deus!” e declarar como Agostinho: “Estavas comigo e eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem. Mas Tu me chamaste, clamaste e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e curaste a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz”.