Hoje vamos conhecer a segunda situação de ‘crise’ que pode acontecer com a pessoa que se propõe a uma consagração de vida a Deus. Trata-se de uma ‘crise’, que pode se desencadear na vocação justamente quando tudo parece estar bem.
1. Dez anos depois dos primeiros compromissos, ordenação ou profissão:
Uma pergunta pode surgir das entranhas do consagrado no linear de seus dez anos de compromisso: será que minha vida está valendo a pena? Ao desfrutar de seu período de descanso e encontrar-se com seus colegas de infância, com seus irmãos de sangue, primos, amigos, que parecem tão felizes e realizados profissionalmente, comentando de suas viagens, conquistas e feitos, surge uma pergunta: “E eu? O que fiz? O que construí para meu futuro?” O que chamamos de crise vocacional pode ser um momento de profunda graça, um novo SIM, está sendo solicitado por Deus e poderá ser vislumbrado um SIM mais substancial, ainda mais maduro.
O chamado de Deus é preto e branco aos olhos humanos, é morte para o mundo, para as glórias e reconhecimentos. Não podemos esquecer que a pessoa chamada à consagração de vida é morta para o mundo, caso contrário acabará cedo ou tarde traindo sua vocação. São Paulo consolava a comunidade de Corinto dizendo: “à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós cresce também nossa consolação por Cristo” (2 Cor 1,5), é preciso acolher com entusiasmo os sofrimentos de Cristo; que eles sejam abundantes em nós se desejamos realmente obter a grande consolação reservada para todos os que choram. Os sofrimentos de Cristo em nós são muitas vezes simples perguntas tais como: “Você não vai se casar? Você não vai se aposentar? Não vai continuar estudando? Quem vai te cuidar quando você envelhecer?” Cristo foi chamado de comilão e beberrão; há autores que dizem que esta afirmação está diretamente ligada ao estado de vida de Cristo. Foi também chamado amigo das prostitutas e dos pecadores; o que existia por trás destas palavras? Algumas perguntas vindas dos nossos próprios irmãos de sangue ferem profundamente e provocam questionamentos dolorosos, são venenosos como os espinhos da coroa de Jesus.
As partilhas, as razões, as indagações e as nossas próprias convicções até agora tão sólidas entram em “xeque”. É hora da sabedoria, é o momento da intervenção sábia de um formador pessoal que já trilhou este caminho e pode afirmar com certeza: “tua vocação é sublime, teu chamado vem de Deus, não há com o que se comparar. Nem festas, nem títulos, nem diplomas ou viagens de turismo podem ser comparados ao chamado pessoal que Deus fez para ti, é tempo de recordar as profecias. É tempo de ouvir novamente: ‘Vem e segue-me’…”
Para Pedro, este momento chegou logo após a ressurreição de Jesus. Pedro recebeu um novo chamado: “E depois de assim ter falado, acrescentou: segue-me! Voltando-se Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (…). Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele? Respondeu Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu.” (Jo 21, 20-22).
Que te importa Pedro, se o outro fez isso ou aquilo? Importe-se com o que Eu quero de ti – assim também nos diz o Senhor – ‘farei de ti pescador de homens…’
Acesse o 1º dia no link: http://comunidadeoasis.org.br/crise-vocacional-ou-momento-providencial-2/
Confira a próxima postagem a sequencia do título: Crise vocacional ou momento providencial: A Crise dos quarenta.