A missão fundamental do fundador, no exercício do chamado para ser portador de um carisma de fundação, é ‘escutar e transmitir’. “Ouvi isto ó sacerdotes, sede atentos, chefes de Israel, escuta, gente da casa do rei!…” (Os 5,1-3).
Um fundador que não escuta, ou que vive em função de si mesmo coloca em risco toda a fundação e a vocação de seus membros, por isso, o fundador é o primeiro chamado a deixar tudo, tomar a cruz  e seguir Jesus.
“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”. (Mt 16,24-25).
Um dos sinais de que alguém é chamado a uma fundação é a agregação espontânea, ou seja, vocações vão se achegando ao fundador. Os vocacionados a um carisma sentem-se atraídas pelo modo de viver e evangelizar do fundador, são estas primeiras vocações que recebem, acolhe, admiram-se, deliciam-se com aquilo que Deus suscita no coração do fundador.  O carisma vai sendo revelado por Deus particularmente e misteriosamente no coração do fundador. O fundador, por sua vez, começa a transmiti-lo: falando, orando, orientando e exortando. É dever sagrado do fundador, transmitir o carisma e jamais se fechar em si. “Contudo, quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho!” (I Cor 9,16). Cada fundador pode dizer: Ai de mim se eu não transmitir o mistério do qual Deus me fez portador!
O autêntico fundador, não é sozinho. Deus coloca junto a ele, pessoas que o ajudarão a sustentar e por em prática as revelações do carisma, algumas vezes, estes presentes no início da obra, mais tarde, serão identificados como cofundadores (falaremos disso no próximo post).
Como acontece a transmissão do carisma? No coração de quem o escuta, se é chamado aquela vocação, acontece uma espécie de “faça-se”, uma força que levará, quem tem ouvidos para ouvir, a colocar o objeto de sua escuta em prática; assim o carisma que era uma graça espiritual transforma-se em algo concreto e é transmitido aos outros.
O amadurecimento e a compreensão de um carisma é um lento processo. Deus o coloca no coração do fundador em toda a sua integridade e originalidade, mas, precisa ser decodificado, escutado, lido e executado; costuma-se comparar o carisma com uma página misteriosa, mística vinda de Deus para o coração do fundador, ou uma pequena peça do grande mosaico da Igreja.
Como portador do grande mistério do carisma, o fundador, de forma natural e silenciosa vai manifestando aquela graça ao mundo, através de tudo que diz e faz, sem esquecer que: a história pessoal, habilidades, experiências místicas e humanas, virtudes e fragilidades do fundador trazem traços fortes do carisma.
Se você tem a graça de fazer parte de um carisma, valorize e ajude seu fundador a transmiti-lo.
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