Pode ser que pra mim não tenha sentido nenhum a Quaresma, porque primeiro eu preciso partir do questionamento: quem é Jesus, quem é Jesus pra mim? Pedro viveu isso no seu caminho espiritual, quando Jesus faz aos discípulos uma pergunta concreta: “Quem dizem os homens que Eu sou?” (Mc 8, 27). Para Jesus não era suficiente a resposta do ter ouvido dizer. Daqueles que aceitaram comprometer-se pessoalmente com Ele pretende uma tomada de posição pessoal. Por isso insiste: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” (Mc 8, 29). Responde Pedro também em nome dos outros: “Tu és o Messias”, isto é, Cristo. Esta resposta de Pedro, que não veio “da carne e do sangue” dele, mas foi-lhe concedida pelo Pai que está no céu (Mt 16, 17), tem em si como que em gérmen a futura confissão de fé da Igreja. Contudo, Pedro ainda não tinha compreendido o conteúdo profundo da missão messiânica de Jesus, o novo sentido desta palavra: Messias.

O Messias que Pedro persegue nos seus sonhos é muito diferente do verdadeiro projeto de Deus. Perante o anúncio da paixão escandaliza-se e protesta, suscitando uma reação enérgica de Jesus (Mc 8, 32-33). Pedro quer um Messias “homem divino”, que cumpra as expectativas do povo impondo a todos o seu poder: é também nosso desejo que o Senhor imponha o seu poder e transforme imediatamente o mundo; Jesus apresenta-se como o “Deus humano”, o servo de Deus, que altera as expectativas da multidão encaminhando-se por uma via de humildade e de sofrimento.

Pedro impulsivo como é não hesita em repreender Jesus separadamente. A resposta de Jesus abala todas as suas falsas expectativas, quando o chama à conversão e ao seguimento: “Afasta-te de mim, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8, 33). Não me indiques tu o caminho, eu sigo o meu percurso e tu põe-te atrás de mim.

Pedro aprende desta forma o que significa verdadeiramente seguir Jesus: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me! Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará” (Mc 8, 34-35). É a lei exigente do seguimento: é preciso saber renunciar, se for necessário, ao mundo inteiro para salvar os verdadeiros valores, para salvar a alma, para salvar a presença de Deus no mundo (Mc 8, 36-37). Mesmo com dificuldade, Pedro aceita o convite e prossegue o seu caminho seguindo os passos do Mestre.

Fonte: Site Opus Dei: https://opusdei.org/pt-br/article/sao-pedro-pescador-apostolo-e-rocha/