O mundo moderno está dispensando Deus, porque se tornou seu próprio Deus. Não podemos nos esquecer que somos criaturas, o que significa que fomos criados. E entender-se assim é tão necessário e essencial para a busca da dependência de quem nos criou, o próprio Deus.

Saber-se criatura, assumir-se criatura e redimir-se como criatura. Todo o trabalho de Jesus Cristo, todo o trabalho de Deus foi buscar-nos da destruição que o pecado fez para recriar-nos.
São João Crisóstomo sobre a criação:
“O homem é mais precioso aos olhos de Deus do que a criação inteira: … é para ele que existem o céu e a terra e o mar e a totalidade da criação, e é à salvação dele que Deus atribuiu tanta importância que nem sequer poupou seu Filho único em seu favor. Pois Deus não cessou de tudo empreender para fazer o homem subir até ele e fazê-lo sentar-se à sua direita” (Sermão in Gen. 2,1 PG 54,587D-588A)
Só ele é chamado a compartilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Foi para este fim que o homem foi criado, e aí reside a razão fundamental da sua dignidade (§356).
Esta é a grande ousadia da fé cristã: proclamar o valor e a dignidade da natureza humana e afirmar que, mediante a graça, que nos eleva à ordem sobrenatural, fomos criados para alcançar a dignidade de filhos de Deus.
O Deus da nossa fé não é um ser longínquo que contempla com indiferença a sorte dos homens. É um Pai que ama ardentemente os seus filhos. Um Deus Criador que transborda carinho sobre as suas criaturas. E concede ao homem o grande privilégio de poder amar, transcendendo assim o efêmero e o transitório.