O projeto da formação, em uma Nova Fundação, deve sempre levar em conta a causa que levou aquela pessoa a buscar uma consagração de vida, trata-se do que chamamos de ‘motivação fundamental’, ou seja, o vocacionado deve sentir-se chamado a servir a Cristo e querer manter Cristo vivo através de sua vida; tudo mais deve ser superado durante o processo da formação inicial.
É imperioso que o candidato, chamado a viver em um carisma, seja desde o começo questionado: Por que você deseja dar a vida para Deus?
Devemos estar conscientes de que existem aqueles que entram na vocação por um “par de chuteiras”, há irmãos que gostam do hábito, outros nutrem sonhos de fazer sucesso através dos dons, etc. A princípio estas motivações são toleráveis, mas no decorrer do tempo de formação inicial a motivação deve mudar, o jogo das motivações é muito importante, todo vocacionado deve percorrer um processo de crescimento em busca do fundamental para o seu carisma.
Por exemplo: no matrimônio a motivação fundamental é materializar a realidade do amor de Cristo por sua Igreja; no sacerdócio é ser no meio do povo o Cristo Bom Pastor, para o consagrado é a presença de Cristo pobre, obediente e casto, e assim por diante.
Que motivações podem trazer alguém para a vida em comunidade?
Existem algumas motivações que não são negativas em si, mas que devem sempre ser submetidas ao que é fundamental para o carisma. São elas: Importantes, secundárias, ou falsas.
Motivações importantes: alguém pode entrar em uma comunidade por gostar de trabalhar com os pobres, isso é importante, mas, para o carisma o fundamental vai além, ou seja, dar a vida para que a maior pobreza que existe, que consiste em não ter Deus, seja extinta da face da terra. Portanto, na motivação fundamental um pobre (de espírito) pode ser encontrado dentro de um palácio.
Motivações secundárias estão naquelas coisas que a pessoa gosta de fazer. Por exemplo, entrar na vida comunitária por saber que lá poderá tocar violão, cantar, estar com os irmãos ou até estar num lugar seguro, como já dissemos estas motivações são toleráveis quando a pessoa inicia seu caminho vocacional, mas com o processo de formação a motivação deve sofrer mudanças, neste tempo formativo o papel do formador pessoal é fundamental, o formador deve questionar e levar o jovem a novas posturas e responsabilidades diante da vocação.
Motivações inconscientes ou falsas são as motivações econômicas, quando alguém entra na comunidade para fugir dos problemas. Uma coisa é sentir, outra é escolher conscientemente a vocação por esta causa. Estas motivações são bastante perigosas, há pessoas que querem entrar na vida comunitária para viver na obediência e livrar-se das responsabilidades da vida.
O acompanhamento no caminho do Senhor quer dizer acompanhar a pessoa para que dê passos cada vez mais autênticos, perseverantes e fiéis à vocação, em resposta ao chamado de Deus. Há jovens recém-formados que batem na porta da vida consagrada por medo da sociedade, estes tipos de motivações precisam ser detectados e reelaborados.
Por fim, qual a verdadeira motivação?
Ser memória do Senhor Jesus, que hoje quer se comunicar ao mundo e justificar as outras motivações.