O Reino de Deus é um reino eterno. Cristo, Deus e homem verdadeiro, vive e reina, e é o Senhor do mundo. Só por Ele se conserva com vida tudo o que vive. Mas, então, por que não se apresenta agora em toda a sua glória? Porque o seu reino não é deste mundo, embora esteja no mundo. Replicou Jesus a Pilatos: Eu sou rei. Para isso nasci: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que pertence à verdade escuta a minha voz. Os que esperavam do Messias um poderio temporal, visível, enganavam-se, porque o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, paz e gozo no Espírito Santo. (Rm 14, 17).
Deus enviou o seu Filho ao mundo para realizar o plano da salvação. Esta é a Missão de Jesus, porque o Pai quis “restaurar todas as coisas em Cristo” (Ef 1,10). Para cumprir então a vontade do Pai, Jesus inaugurou na terra o Reino dos Céus, através da instituição da Igreja e do anúncio do Evangelho.
“A Igreja, diz o Concílio, Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus…” (LG 3). O Concílio identifica a Igreja com o Reino de Cristo, já presente neste mundo em mistério.
Jesus iniciou a Igreja pregando a Boa Nova, a Boa Notícia, isto é, a “chegada do Reino de Deus” aos homens, prometido nas Escrituras havia séculos. “Os tempos estão cumpridos, e o Reino de Deus está iminente” (Mc 1,15). Pela presença de Jesus, por suas palavras e por seus milagres, o Reino de Deus começa a surgir entre os homens.
O germe e o começo do Reino é aquele “pequeno rebanho” que Jesus chamou para viver com Ele e dos quais se tornou Pastor. “Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado de nosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32). É nesse “pequeno rebanho” de discípulos que surge a Igreja destinada a ser a “família de Deus” (Ef 2,20). Era a família de Jesus, que ele cuidou como o bom Pastor.
Jesus é a Videira, o tronco, a Cabeça da Igreja; e nós somos seus ramos, seus membros. É a realidade da Igreja fundada Nele e por Ele para trazer de volta a humanidade para Deus no seu Reino.
Não há situação terrena, por mais insignificante e vulgar que pareça, que não possa ser ocasião de um encontro com Cristo e etapa do nosso caminhar para o reino dos céus. No meio das ocupações de cada dia, no momento de vencer as tentações ao pecado, em todos esses instantes o cristão deve reencontrar Deus. Por Cristo e no Espírito Santo, o cristão tem acesso à intimidade de Deus Pai, e percorre o seu caminho em busca desse reino que não é deste mundo, mas que neste mundo se inicia e se prepara. O Reino dos Céus arrebata-se com violência, com a luta santa de cada instante.
A Igreja e o Reino de Deus “só terão a sua consumação na glória celeste”, nos ensina o Concílio (LG, 48), quando do retorno glorioso de Cristo. Enquanto isso, como disse Santo Agostinho, ela “avança em sua peregrinação através das perseguições e das consolações de Deus” (Cidade de Deus 18,51).
Fonte: https://cleofas.com.br/a-igreja-e-o-reino-de-deus/