Nas Novas Fundações, o Espírito Santo suscitou o dom da formação pessoal, este dom é dado por Deus para quem lhe apraz. O dom da formação pessoal tem como missão principal o acompanhamento direto de cada vocacionado, visando seu crescimento humano, psíquico e espiritual. O processo de formação pessoal de cada vocacionado vai desde os seus primeiros passos no carisma, perdura na formação permanente, e termina no fim da sua vida.
No início de um carisma de fundação quem forma, instrui e orienta os membros é o próprio fundador. O fundador, portador do carisma em toda a sua plenitude, é um formador por excelência e sempre formará todos em tudo que diz e faz.
Com o passar dos anos, por meio da perseverança e fidelidade, o Espírito Santo vai presenteando o carisma com novos dons para que a missão daquela fundação se cumpra.
“A vida consagrada é bela, é um dos tesouros mais preciosos da Igreja, radicado na vocação batismal. E portanto, é bom ser os seus formadores, porque é um privilégio participar na obra do Pai que forma o coração do Filho naqueles que o Espírito chamou”.[i]
Quem é o formador pessoal:
O formador pessoal é um membro da comunidade que recebeu este dom; é um portador do carisma, em processo de crescimento humano, psíquico e espiritual.
O formador é alguém que demonstra fidelidade nas provações, capaz de escutar a voz de Deus e o coração do irmão além daquilo que é falado; é homem atento, alguém que não se detém no respeito humano, possui discernimento, docilidade e atitude firme.
“É paciente como um elefante,
forte como um tigre
e com um sorriso inquebrantável de um anjo”
O formador deve ser alguém experimentado por Deus e pelos homens, pois, terá a missão junto daqueles que acompanham pessoalmente no carisma, de discernir e sanar dúvidas, desvendar as lutas espirituais e entrar muitas vezes na arena ao lado de seus irmãos, trazer a luz a verdade de cada sentimento e de cada palavra que lhe é trazida; e finalmente tornar a formação um momento útil de libertação, consolo e conversão, deve saber exortar e consolar e combater o mal no coração humano.
Acima de tudo, um formador pessoal é um irmão entre os irmãos, é alguém que também precisa ser acompanhado e formado por outro, alguém em contínuo processo de conversão e amadurecimento. Na vida consagrada não bastam conteúdos é preciso vivência daquilo que é estudado, o formador pessoal, mais do que todos, não pode parar, pois se parar perderá a unção que o impulsiona a sustentar e influenciar no crescimento dos irmãos.
[ii]“Obrigado, queridos formadores e formadoras, pelo vosso serviço humilde e discreto, pelo tempo dedicado à escuta — o apostolado ‘do ouvido’, ouvir — pelo tempo destinado ao acompanhamento e à cura de cada um dos vossos vocacionados.”
Como se desenvolve o encontro de formação pessoal
Através da experiência da Igreja e da ciência percebe-se que os encontros de formação pessoal não devem ultrapassar o tempo de uma hora de duração. O encontro deve ser a luz do Espírito Santo e, nas Novas Fundações, deve seguem algumas diretrizes:
O formador inicia pedindo a luz do Espírito Santo sobre seu irmão (vocacionado), para que ele possa abrir-se livremente e o próprio formador tenha a ótica de Deus sobre o interior de seu formando.
O formando deve abrir seu coração: O que tem rezado, o que Deus tem lhe falado, seus sentimentos, pensamentos, suas opressões, tentações, memórias, mágoas, relacionamentos, enfim, o conteúdo de seu dia a dia e de sua vida interior.
O formador, que escutou seu formando deve levá-lo para a verdade de si mesmo, questionando, consolando e exortando. Todo o aconselhamento por parte do formador deve ser conforme o Evangelho, o Magistério da Igreja Católica e o próprio Carisma da Fundação. Algumas vezes, o formador deve abordar também alguns conteúdos que ele mesmo observa e ouve do formando no seu dia a dia, deve também levar em conta as queixas dos irmãos.
Ao final de cada encontro, o formador dever orar sobre seu formando, impondo-lhes as mãos, usando os carismas do Espírito Santo sem esquecer que Deus lhe deu uma autoridade espiritual sobre seu formando, deve usá-la para que ele saia da formação renovado, restaurado e com o propósito de continuar firmemente seu caminho.
[iii]“Isto é duro. Mas é também o vosso martírio. E os insucessos, estes insucessos sob o ponto de vista do formador podem favorecer o caminho de formação contínua do formador. E se por vezes tiverdes a sensação de que o vosso trabalho não é apreciado o suficiente, sabei que Jesus vos segue com amor, e toda a Igreja vos está grata. E sempre nesta beleza da vida consagrada: alguns dizem que a vida consagrada é o paraíso na terra. Não. Talvez seja o purgatório! Mas é preciso ir em frente com alegria, ir em frente com júbilo.”
Este é o ideal, nem sempre acontece, pois cada pessoa é livre para continuar ou romper sua aliança com Deus a qualquer momento, mesmo depois de ter se tornado um formador. “portanto, quem está de pé veja que não caia” (I Cor 10, 12). O formador não deve se colocar como responsável pelas decisões de seus formandos.
[iv]“Desejo-vos que vivais com alegria e na gratidão este ministério, com a certeza de que não há nada mais bonito na vida do que pertencer para sempre e com todo o coração a Deus, e dar a vida ao serviço dos irmãos.”
[i] Retirado do discurso do Papa Francisco aos participantes do encontro de formadores da vida consagrada em 15 de abril de 2015 em Roma.