O Espírito Santo, no Jordão, quando João Batista está batizando Jesus, aparece sobre forma de pomba, e o Pai diz: “Este é o meu Filho muito amado, Nele eu ponho todo o meu afeto”(Mc 1, 11).

Ninguém que conhece verdadeiramente Jesus Cristo, pode dizer: eu não encontro afeto em ninguém. Porque Jesus Cristo nos dá. Está tudo em Jesus Cristo: o consolo, a fortaleza, a paz, a alegria, a força, a sabedoria, tudo está ali em Jesus Cristo.

Logo depois dessa declaração do Pai e a presença do Espírito Santo em que se manifesta a Santíssima Trindade, O Espírito Santo leva Jesus para o deserto para ser tentado, e podemos perceber como nós não queremos saber de tentações, de dificuldades e de contrariedades. Mas são esses momentos da nossa vida que faz brotar o melhor de nós. As mordomias, a preguiça, o bem-estar, a sombra e água fresca, nos tornam medíocres, os desafios nos tornam fortes. O Espírito Santo leva Jesus e o põe no deserto, para ser tentado pelo demônio, para fortalecer-se e iniciar a sua missão de pregador, de messias.

Deixo aqui para sua meditação o Comentário ao Evangelho sobre a tentação de Jesus, de São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja:
“Se, depois do batismo, fores atacado pelo perseguidor, o tentador da luz, tens material para a vitória. Ele irá certamente atacar-te, já que também atacou o Verbo, o meu Deus, enganado pela aparência humana que lhe escondia a luz incriada. Não tenhas medo do combate. Opõe-lhe a água do batismo, opõe-lhe o Espírito Santo no qual se extinguem todos os dardos inflamados lançados pelo maligno. […] Se ele te mostrar as necessidades que te oprimem – e não deixou de o fazer com Jesus –, se te lembrar que tens fome, não dês a entender que ignoras as suas propostas. Ensina-lhe o que ele não sabe; opõe-lhe a Palavra de vida, esse verdadeiro Pão enviado do céu e que dá a vida ao mundo. Se ele te estender a armadilha da vaidade – e usou-a contra Cristo, quando O levou ao pináculo do Templo e Lhe disse: «Deita-Te daqui abaixo», para O fazer manifestar a sua divindade –, toma cuidado para não caíres por teres querido elevar-te. […] Se te tentar pela ambição, mostrando-te, numa visão instantânea, todos os reinos da terra submetidos ao seu poder, e te exigir que o adores, despreza-o: ele não é mais que um pobre irmão teu. E diz-lhe, confiando no selo divino: «Também eu sou imagem de Deus; ainda não fui, como tu, precipitado do alto da minha glória por causa do meu orgulho! Estou revestido de Cristo; tornei-me outro Cristo pelo meu batismo… Tenho a certeza que ele se irá embora, vencido e humilhado por estas palavras. Vindas de um homem iluminado por Cristo, serão sentidas por ele como se emanadas de Cristo, a luz suprema. Estes são os benefícios que a água do batismo traz aos que reconhecem a sua força”.