Para viver um dom, um Carisma é preciso entrar na sala do oleiro. Para viver uma Fundação, a gente sempre está entrando na sala do oleiro, ali onde a gente vai ser primeiro moldado e refeito, até chegar aquele ou aquela que as próprias mãos do Pai moldaram e fizeram desde toda eternidade. Isso é um processo, um dia após o outro, mas a gente não pode ser inconsciente do caminho que a gente abraçou, a vida que escolhemos. Não tenhamos medo de que Deus ponha as Suas mãos em nós, é o principal de uma vocação numa Nova Fundação.

Deus, o Divino Oleiro, é o Criador de tudo. Tão grande é seu amor, que cada peça é sonhada e projetada cuidadosamente. O barro, por mais que seja disforme, nas mãos do oleiro deixa-se transformar numa obra original e irrepetível. Por si só, o barro não se transforma em vaso, pote, vasilha. É preciso deixar-se modelar.

Com a pessoa acontece o mesmo: por si só não tem forças para se modelar, transformar-se e resgatar sua verdadeira identidade. É preciso permitir que o Divino Oleiro expresse seu amor na arte de transformar a pessoa à sua imagem e semelhança.

Dentre duzentos tipos de barro conhecidos, somente oito servem para ser trabalhados pelo oleiro. O barro é escolhido. O Divino Oleiro escolhe o barro. Então, você é escolhido por Deus. Você é um barro bom. Deixe Deus transformá-lo em obra de arte.

O barro é curtido. Após ser escolhido é deixado do lado para repousar por um tempo, com a finalidade de criar maior liga. Nesta fase pode-se experimentar o silêncio de Deus. Parece que o Divino Oleiro fala com todos, menos com você, mas, é o silêncio criativo de Deus que se prepara e deixa o barro em preparação para iniciar sua arte.

Passada esta última fase, o barro é prensado para que o ar, as pedras, as raízes e impurezas sejam retirados, formando uma massa resistente. Surgem angústias quando prensado, mas é parte do processo. Deus permite que você seja humilhado, pisado para poder tirar todo orgulho, vaidade, autossuficiência… Parece que todos falam mal de você, ninguém o entende, julgam suas atitudes… Ser prensado é permitir que a humildade nasça em você e o Espírito Santo, divino hóspede da alma, é aquele que o fortalecerá na disponibilidade, na fé e confiança, para que o “vaso” possa ser tornar consistente desde os primeiros passos de sua modelagem.

O barro é modelado. É hora decisiva: um punhado de barro nas mãos do oleiro vai ganhar a forma desejada. É o momento da entrega total. O barro é colocado sobre a roda de modelar: é preciso deixar-se modelar pelas mãos do Divino Oleiro e do barro, o sonho do vaso acontecerá. Para que esse sonho aconteça é necessário abrir mão de todos os caprichos, ambições e permitir que o oleiro modele o barro segundo sua sabedoria. O oleiro não retira por um segundo sequer o olhar da obra que está fazendo nascer. Nada desvia sua atenção. Inicia sua obra com leves toques periféricos regados com água. Depois, com precisão, o barro é rasgado, abrindo espaço no seu interior para trabalhar o vaso como havia concebido no coração. Após concluída a obra, para e contempla.

O vaso, depois de modelado, fica em repouso por alguns dias, preparando-se para enfrentar o calor do fogo que o tornará consistente. O vaso modelado se permite repousar.

O vaso vai ao forno. Com todo cuidado, o oleiro leva sua arte para o forno a fim de ser temperada. O fogo abrasador leva-o a seu limite de resistência. Sente o calor permear cada fibra. Somente o vaso que suportar o calor do forno está hábil para cumprir sua tarefa.

O oleiro retira cada peça do forno e verifica sua capacidade de resistência, dando-lhe um “peteleco”. O vaso é provado: o som emitido é a prova. Se o som é chocho, voltará ao forno, porque ainda não está pronto, mas, se ele “cantar” é porque está apto para seguir seu destino.

O vaso é destinado. Quando o “vaso” está pronto, o Divino Oleiro o enche de seu Espírito e o envia a ser “vaso de bênção” a quem encontrar no caminho.

Seja barro nas mãos de Deus. Deixe que o Divino Oleiro possa moldá-lo, para que possa ser um verdadeiro “vaso de bênção” para o mundo.