Cristo na Cruz, Deus que sofre e que morre, Deus que nos entrega o seu coração, aberto por uma lança, por amor a todos. Seu Coração cheio de Amor pelos homens levou-o a carregar, juntamente com a Cruz, todos esses tormentos: o nosso sofrimento, a nossa tristeza, a nossa angústia, a nossa fome e sede de justiça.
Se alguma vez sentimos vacilar a alma perante a realidade do sofrimento, o remédio é olhar para Cristo. A cena do Calvário proclama a todos que as aflições devem ser santificadas, se vivemos unidos à Cruz.
Porque as nossas tribulações, cristãmente vividas, se convertem em reparação, em desagravo, em participação no destino e na vida de Jesus, que voluntariamente experimentou, por Amor aos homens, toda a gama da dor, todo o gênero de tormentos. Nasceu, viveu e morreu pobre; foi atacado, insultado, difamado, caluniado e condenado injustamente; conheceu a traição e o abandono dos discípulos; experimentou a solidão e as amarguras do suplício e da morte. Ainda hoje Cristo continua a sofrer nos seus membros, na humanidade inteira que povoa a terra, e da qual Ele é a Cabeça, o Primogênito e o Redentor.
Se unirmos as nossas ninharias – as insignificantes e as grandes contrariedades – aos grandes sofrimentos do Senhor-Vítima (a única Vítima é Ele!), aumentará o seu valor, tornar-se-ão um tesouro e, então, tomaremos com gosto, com garbo, a Cruz de Cristo. E não haverá assim pena alguma que não se vença com rapidez; e não haverá nada nem ninguém que nos tire a paz e a alegria.

O Dr. Viktor Frankl, um grande psiquiatra austríaco, criador de um tratamento chamado logoterapia, passou por quatro campos de concentração entre 1942 e 1945, inclusive os piores, Auschwitz e Dachau. Durante esse tempo de prisão, o que o sustentou foi seu grande interesse pelo comportamento humano, concluindo depois que esse interesse o havia salvado e que aqueles companheiros de prisão que tinham uma esperança e davam um significado a suas vidas predominavam entre os sobreviventes da tortura e da fome a que haviam sido submetidos. O seu método de tratamento psicológico, a logoterapia, consiste em ajudar o paciente a encontrar o significado da sua vida.

Albert Camus afirmou uma vez: “Há um só problema verdadeiramente sério e é … estabelecer se vale ou não a pena viver…”. O grande problema, o grande causador das neuroses e depressões, é o vazio existencial. Bento XVI nos lembra que Jesus, Deus feito homem, morto e ressuscitado, trouxe a vitória da vida sobre o vazio da morte. A verdadeira religião, nos dando o verdadeiro significado da vida, dom de Deus para o nosso bem e nossa felicidade eterna, preenche o nosso vazio existencial, tornando-se assim a melhor terapia para qualquer situação difícil que estejamos passando.