Quando começamos a possuir uma coisa, surge o problema da posse. Se algo é meu enquanto posse, ele me possui, começa a dominar-me, possuir-me na área do afeto.
Esse objeto de minha posse vai definindo minhas ações, vai definindo o que vou fazer. Começam as preocupações me roubarem das coisas de Deus, me distraírem Dele, daquilo que estou envolvida no momento; e acabo por deixar que outro afeto que não é o de Deus tome espaço dentro de mim. O demônio tem poder nas posses, porque ele é aquele que possui os cativos, os prisioneiros. Às vezes é algo tão inofensivo que aos poucos vai me dominando, e isso pode ser em relação as pessoas, em relação a matérias, e também aos dons.
Por isso, todo consagrado é chamado a vivência da pobreza, que nada mais é do que essa liberdade diante do materialismo pregado pelo mundo. Somos pobres na medida em que nos despojamos da falsa mentalidade de que “É preciso ter muitos bens”, quando partilhamos o que temos e somos, quando cremos que Deus nos dará o essencial para nossa vida e felicidade.
Ser pobre é ter como única riqueza o próprio Deus, é ser Ele o verdadeiro Tesouro de nossas vidas, deixá-Lo conduzir todas as coisas. A diferença de termos posse ou o zelo é justamente a vivência da pobreza evangélica que vai ordenando tudo dentro de nós. Assim, diante do dom que recebemos de Deus, se somos ordenados, faz com que tenhamos e ajamos com zelo e cuidemos com o desejo de posse, para que ele não nos domine.