O que Deus nos pede é a obediência, por ela oferecemos a Deus nossa própria vontade e nos unimos a Ele.

A palavra obediência, provém do latim, ob audire, significa estar pronto para escutar. Assim sendo, a obediência constitui um elo pelo qual o inferior une sua vontade à do superior para ouvir suas ordens de forma atenta e submissa. E conforme define São Tomás “a obediência torna a vontade do homem disposta a fazer a vontade de outro, a saber, daquele que manda”.

Esta autoridade exercida por aqueles que são superiores é conferida por Deus. Pois, como afirma São Paulo, “não há autoridade que não venha de Deus” (Rm 13, 1). Por isso quando obedecemos a um homem revestido de autoridade legítima, obedecemos a Deus.

Este foi o procedimento de Deus para com os homens desde o Antigo Testamento, enviando ao povo eleito, guias, “patriarcas, homens de virtude excelsa e personalidade robusta, de Fé inquebrantável como Abraão, de pertinácia infatigável como Isaac”, e insignes profetas, como Elias, Moisés e tantos outros. Deus assim se utiliza da mediação humana.

Esta prática da obediência é necessária a todos os homens, pois ela está de acordo com a ordem posta por Deus no Universo, mas com o pecado original esta necessidade tornou-se mais viva na existência do homem. O pecado é uma ferida de maldade: “Porque assim diz o Senhor: A tua ferida é incurável; a tua chaga é dolorosa. Não há quem defenda a tua causa para te aplicar curativo; não tens remédios que possam curar.” (Jer 30, 12-13). Recebemos por causa do pecado a herança da rebelião, por isso para entrar no serviço de Deus entramos numa grande batalha em que temos de abdicar de nossa razão, de nosso afeto e de nossos conceitos, e a obediência é o antídoto para tudo que se levanta dentro de nós para impedir a vontade do Senhor acontecer e põe em ordem a nossa vontade que se tornou tão corrompida pelo pecado original.

Eis como exclama Santa Teresa: “ó virtude de obedecer que tudo podes!”, e São Francisco de Sales: “bem-aventurados os obedientes, porque Deus nunca permitirá que se extraviem!”.

No mundo não há ordem, nem vida senão pela obediência: ela é o laço dos homens entre si e seu autor, o fundamento da paz, e o princípio da harmonia universal. A família, a cidade, a Igreja, não subsistem senão pela obediência. Se analisarmos a vida de um homem, veremos continuamente presente a obediência, a começar pela infância, quando terá ele de submeter-se aos pais, logo depois ao entrar para o colégio deverá obediência a seus professores; e, ao atingir a maturidade e optar por uma profissão será necessário impor-se dentro de certa disciplina a fim de alcançar determinado objetivo, e por fim, se esta pessoa é chamada a uma vida consagrada, mais acentuada ainda será esta exigência, pois ela estará sujeita a um superior. E se o querer da pessoa entrar em rebelião com o querer da Comunidade, estes fatos tomam tamanha tensão que leva alguns até mesmo a abandonar a vocação para buscar os seus anseios.

Santa Teresinha alcançou a obediência perfeita e seguiu as vias de uma sujeição completa à vontade de Deus, sem se preocupar em fazer grandes mortificações físicas, se limitou apenas em cumprir as prescrições de sua Regra, pois tinha pela obediência um enorme apreço e chegou a escrever: “A Obediência é minha forte couraça e o escudo do meu coração”.

Devemos dar a Deus o obséquio da obediência: “consagrar a Deus o que o homem tem de mais nobre, de mais precioso e de mais íntimo, sua própria liberdade”, “já que é dom supremo do amor entregar não só o que se possui (que é coisa bem precária), mas o que se é”.