Jesus serviu ao Pai com a Sua humanidade, e como a gente deve servi-Lo? Servimos a Deus esvaziando-nos de nós mesmos, porque depois do pecado ficamos cheios de nós, de nossa vontade, de nossa razão. Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Formaste-me um corpo. Eis que eu venho. Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade.” (Hb 10,4-10)

Servimos a Deus com o nosso corpo, com o nosso coração, com a nossa mente. Tudo será feito usando-se do próprio corpo, de si mesmo. Nas vigílias, por exemplo, ter de ir até a capela, ao ter que levantar da cama de manhã num dia de inverno, vamos servindo a Deus desta forma, e tudo isso é a pobreza de si. Ter de deixar para ir, para dar, para estar, deixar de si para Deus.

O rico de si reflete o contrário daquele que é humilde, assim como o contrário da pobreza é o orgulho. O rico de si não é em relação aos bens que possui, mas é o cheio de arrogância, que não acolhe seu ser pecador: se é dito algo a ele, uma correção, ele não acolhe, responde “não fui eu”, ou, não enxerga, não se dá conta, ou então sempre a culpa é dos outros. Essa cegueira nós faz arrogante e não nos deixa fazer a experiência da misericórdia. Aquele que não diz: “é verdade, eu pequei”, não faz a experiência de Jesus que perdoa aquilo que é pecado em mim, que é mal e que eu não tenho condições de me purificar a mim mesmo. A misericórdia vem ao encontro do homem sem merecimento, mas que precisa confessar o que fez.

O coordenador da formação precisa passar por essa experiência de desestruturação, de uma pessoa que se sentiu mal porque realmente não contribuiu com aquilo que tinha, que podia dar, que pensou mal sobre algo; se não passar por essas confissões, que não precisa ser um pecado grave, mas aquela falta de amor, de delicadeza, de comprometimento que se vai vivendo no caminho.

A pobreza é quando também nos damos conta de quem somos diante de Deus, que nos deu todo o perdão e quer nos tirar dos lugares de cobrança, de mesquinhez e imaturidade para enxergar o bem que Ele nos faz. Quem não passa pela experiência da Misericórdia, de se sentir tão envergonhado diante do bem de Deus, não faz a experiência do Deus vivo, fica olhando somente para si, se faz o próprio centro, seja por causa das feridas, seja por aquele bem que fez.