“Sereis o meu povo, e eu, o vosso Deus”. (Jr 30,22). A formação pessoal e comunitária é indispensável para originar um verdadeiro consagrado. Ela abrange o ser biológico, psicológico e espiritual de cada vocacionado. A formação da pessoa é comparável a uma forma usada para assar um bolo, a massa, ali colocada, tomará o formato da forma. A ‘forma’ é Cristo. Nesta forma conhecida como formação pessoal e comunitária cada vocacionado entra, a exemplo da “massa do bolo”, ou seja: com seu eu, com sua história pessoal, com a educação familiar e cultural recebidas, com as influências da cultura e meio onde foram educados, enfim, um universo interior e exterior a ser trabalhado e transformado em um novo Cristo.
Dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: “Eu sou aquilo que Deus pensa de mim”; é através da formação pessoal e comunitária, que cada um pode descobrir o que Deus pensa a seu respeito e o que Deus sonhou, desejou, preparou para a sua vida. Deus tem um projeto pessoal para seus filhos, encontrar a ‘planta’ desse projeto e realizá-lo exige do vocacionado humildade e docilidade constantes, é como um jogo requintado entre o homem e Deus. Para quem persevera e permite a ação de Deus se cumprirá esta passagem: “Ao vencedor darei de comer (do fruto) da árvore da vida, que se acha no paraíso de Deus.” (Ap 2,7b)
Existe uma graça extraordinária a ser realizada através do sim a Deus, graça ainda desconhecida, a espera do sim diário do vocacionado. Deus se usa de vias humanas para formar, mas a forma é Ele, o processo é lento, se dá através dos acontecimentos, contrariedades, lutas espirituais e conquistas de cada dia. Deus forma o rosto de seu Filho no homem através das coisas pequenas, assim, cada um vai se tornando exatamente aquele que Deus criou e sonhou no princípio. Através da formação é possível deixar de ser o fruto de uma história, de uma cultura, de uma educação e ser o que Deus pensou e sonhou a criar cada ser humano.
Poderíamos perguntar, porque Deus quer nos formar? Deus quer que voltemos ao seu projeto original para Ele mesmo, para sua glória e honra e em vista da Igreja:
“Nele é que fomos escolhidos, predestinados segundo o desígnio daquele que tudo realiza por um ato deliberado de sua vontade, para servirmos à celebração de sua glória, nós que desde o começo voltamos nossas esperanças a Cristo”(Ef 1,11-12).
Durante o processo de formação pessoal e comunitária, que perdura por toda a vida, se obterá sem dúvidas muitas riquezas, especialmente espirituais como dons e carismas, mas a maior riqueza daquele que é fiel, deixando-se formar por Deus, tomando a forma de Jesus é:  adquirir Deus e ser adquirido por Ele. “Sereis o meu povo, e eu, o vosso Deus”. (Jr 30,22).
Vale dizer ainda que o vocacionado, especialmente aquele que vive em comunidade de vida, é formado por tudo o que acontece na comunidade, coisas externas e internas, as quais, quando acolhidas, tornam-se conteúdo formativo.