Memória é a faculdade de conservar e lembrar acontecimentos passados e tudo quanto se ache associado aos mesmos. A idade média que temos as nossas primeiras recordações é de três anos e quatro anos.
A memória não é simplesmente a capacidade de reter na mente, como um impessoal gravador de fatos do passado ou um impecável computador que registra os nossos dados biográficos; também não é mais uma faculdade passiva que, no máximo, é capaz de comentar acontecimentos que não podem mais mudar. Então, o que é a memória? Qual sua importância formativa?
Que é a memória:
É uma faculdade capaz de “fazer” memória, ou seja, faculdade ativa e dinâmica, que ajuda a mente a entender e a crer exatamente com sua pontualidade e a riqueza do seu “lembrar”, do seu propor e repropor acontecimentos detalhados e enriquecidos por circunstâncias próprias.
A memória é capaz de ligar e iluminar episódios aparentemente sem nexo, mas que revelam coerência e providência, é hábil também para constatar e evidenciar fatos, é uma presença fiel, escondida em nossa vida.
A memória curada:
“Conservo a lembrança daquela tua fé tão sincera, que foi primeiro a de tua avó Lóide e de tua mãe Eunice e que, não tenho a menor dúvida, habita em ti também. Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria.” (2 Tm 1,5-7)
Quando a fé é feitas de memórias, é sempre uma fé muito pessoal, aquela capaz de acolher revelação que Deus faz de si ao longo da vida do crente, e que está oculta em cada acontecimento de sua existência. Na medida em que essa revelação pessoal e existencial permanece escondida e indecifrada, aquele Deus em quem nós acreditamos torna-se como que uma entidade abstrata, sem história e sem coração. Do mesmo modo, nossa fé torna-se esclerosada na medida em que “perdemos” a lembrança (memória) desses fatos.
A importância da Memória para a formação humana:
“Eis aqui uma recomendação que te dou, meu filho Timóteo, de acordo com aquelas profecias que foram feitas a teu respeito: amparado nelas, sustenta o bom combate…” (1 Tm 1,18).
A memória curada ou convertida permanece desperta e atenta. É aquela que, quanto mais passam os anos e a pessoa envelhece, mais se torna capaz de lembrar tudo, de guardar na mente tudo o que os olhos viram, de guardar no coração a Palavra que ouviu, de relembrar as maravilhas de Deus, recordando-lhe sua aliança. Tal memória “conta” que Deus sempre tem sido Pai e Senhor da vida, em qualquer circunstância. E o será para sempre. Todo ser humano, até mesmo o mais infeliz ou rejeitado pelos homens, foi gravado por Deus na palma de sua mão (Is 49,16). Sendo objeto dessa memória divina, é chamado a fazer-se e a ser ele mesmo memória.
Diante destas revelações: ‘faça memória’, deixe sempre seu cérebro livre para lembrar e relembrar. Nas memórias amargas clame a presença curadora de Jesus que é Alfa e Omega, Ele pode estar aqui agora e lá, junto a nós nos acontecimentos do passado, curando nossa alma e iluminado a verdade sobre nós mesmos.
Fonte: Texto base em CENCINE, Amedeu. Amarás o Senhor teu Deus: Edições Paulinas.