O padre Rodrigo Lynce de Faria, diante da sua experiência sacerdotal junto com os casais, chegou a algumas conclusões sobre a realidade dos casais que vivem juntos antes de se casarem. Disse ele:
“Viver juntos, antes do matrimônio, contribui para que o casamento seja muito mais frágil. O padre Rodrigo, se apoiou na conclusão do professor de filosofia Budziszewski, que ensinava aos seu alunos que existe uma diferença essencial e radical entre casar-se e juntar-se. Os casais que fazem a opção pelo matrimônio, buscam investir em um compromisso para sempre. Os casais que se ajuntam, se posicionam de modo oposto, eles buscam não ter nenhum compromisso, pelo menos para já. Ora, como pode a ausência de compromisso ser uma boa preparação para um compromisso definitivo?”1.

Quando o casal concorda em viverem ajuntados, eles aceitam também de que o relacionamento deles é provisório, já que se estabelece em um vínculo sem votos definitivos. Essa mentalidade que se estabelece entre os ajuntados, desestimula o homem e a mulher a investir mais seriamente no relacionamento, tornando assim mais frágil e propenso a separação.

Em algumas cidades da região do nordeste do Brasil, as pessoas que vivem ajuntadas são conhecidas como “amancebados”. Os amancebados são todos aqueles que vivem juntos sem os laços do matrimônio. É muito interessante perceber o que Deus falou através do profeta Daniel, quando ele interpretou um sonho do rei Nabuconodosor. Uma parte do sonho desse rei ele viu uma estátua com os pés onde tinha uma parte de ferro e outra de barro (Dn 2, 31, 45). O profeta Daniel interpretou com perfeição esse sonho, quando disse que “quanto ao ferro misturado com barro cozido, haverá decerto ligações por via de casamentos, mas sem coesão entre as partes, assim como o ferro não faz liga com o barro” (Dn 2, 43). Na situação aonde um homem e uma mulher vivem juntos sem o sacramento do matrimônio, eles vivem essa realidade espiritual, onde não há “liga”, não existe uma união entre as partes. Bem diferente é a realidade do matrimônio, onde o próprio Jesus disse que o que Deus “uniu” o homem não separe (Mt 19, 6); então aí sim existe uma ligação forte que une o casal a ponto de os dois se tornarem uma só carne (Mt 19,5).

Também no nordeste brasileiro, em uma aparição de Nossa Senhora da Graça em Pesqueira, onde existe reconhecimento diocesano dessa aparição2; o padre José Kehrle fez umas perguntas em alemão, para Nossa Senhora que respondia em português para as meninas3; o Pe Kehrle perguntou:
– Quer que o povo venha rezar aqui?
– Quero, disse Nossa Senhora
– Também os amancebados?
– Não, disse Ela.

Sabe meus irmãos, quando escuto falar de morte repentina de pessoas jovens, que viviam ajuntados, fico perguntando ao Senhor: E agora? Como ficou o destino eterno dessa pessoa? O coração fica apertado diante da perspectiva da salvação dessas pessoas. Clamamos o socorro de Deus, para ordenar essas realidades que tantos casais vivem, para que possam se sentirem encorajados a dar o passo de se unirem no matrimônio, enquanto ainda há tempo, pois haverá um tempo que não terá mais tempo (Mt 25,10).

Cleonice Macedo Kamer

1 https://www.santidade.net/artigos/RLF-Viver-juntos-nao-ajuda-a-preparar-o-casamento.pdf
2 https://www.acidigital.com/noticia/50052/bispo-de-pesqueira-reconhece-%E2%80%9Cpresumiveis-aparicoes%E2%80%9D-de-nossa-senhora-em-cimbres
3 Diário do Silêncio. Ana Lígia Lira – Editora Eclesiae, pg. 42


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