Como já comentamos no post anterior os três pilares de uma Nova Fundação são: a vida de oração, a vida fraterna e o apostolado (missão).
Hoje falaremos da importância da vida fraterna como sustento e fermento para o carisma de uma Nova Fundação.
“Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos. É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba, a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto. É como o orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a vida e uma bênção eterna.” (Sl 132, 1-3).
O que é a Vida Fraterna?
A vida fraterna é a vivência dos cristãos em comunidade, sob a regra áurea dos mandamentos divinos e sustentada pelo Espírito Santo. É comparável a uma família que possui o pai, a mãe e os filhos. Na comunidade cristã também é assim, um mesmo Pai, Deus; uma mesma Mãe, a Igreja; e os filhos reunidos pela vontade e presciência de Deus Pai.
Dirá H. U. Von Balthasar: Cristo quer, primeiramente, separar um grupo de israelitas a fim de que participem de seu modo de viver, do seu modo de ser, que significa dedicação total ao Pai e irmãos; Por esta palavra podemos dizer que: “o amor de cristo nos uniu”.
Chamados a viverem juntos:
Não são os pais que escolhem os filhos, da mesma forma na fundação, não são os fundadores que escolhem os vocacionados; eles chegam atraídos pela força do carisma, de todos os lados, de todas as culturas, com as mais diversas idades, e, como em uma família, crescem juntos, como irmãos, sob o olhar de um único Pai que é Deus Pai, Providente e Misericordioso.
Foi a partir de Pentecostes que se pôde realizar o ideal da fraternidade, e isso aconteceu não entre irmãos ou entre pessoas da mesma cultura, mas entre pessoas totalmente desconhecidas entre si.
Celebrar Juntos:
Assim como em uma família, na vida fraterna se partilha tudo, tudo que o Pai envia em sua providência. Os irmãos recebem de acordo com a necessidade de cada um. Um bebê não tem as mesmas necessidades da filha jovem prestes ao casamento, por isso, na vida fraterna, cada um, como irmão, deve aprender que existem necessidades diferentes, que Deus dará, ou tirará, como lhe aprouver. Alegrar-se com a alegria do outro, entristecer-se com sua tristeza e rezar nos momentos de fragilidade, quedas e dor do irmão é um dom que somente é conquistado por quem ama, para viver em fraternidade é preciso aprender a amar.
O ciúme, a inveja e o egoísmo são os grandes inimigos da vida fraterna, essas fraquezas devem ser enfrentadas, admitidas e levadas ao formador pessoal. As fraquezas humanas e as más tendências somente serão superadas pela partilha da verdade, oração recebida e pela graça do carisma que é maior que as fragilidades dos vocacionados.
Certamente terão maior dificuldade em viver a fraternidade aqueles que vêm de famílias onde não existia o amor entre os irmãos. Fiquem tranquilos: Amar se aprende, o Amor ensina a amar.
“Se imaginais viver em comunidade sem serdes constrangidos a suportar os defeitos dos co-irmãos, estais enganados” (São João Batista de La Salle).
Momentos fraternos:
Podemos evidentemente dizer que todos os instantes que os co-irmãos estão juntos é vida fraterna, mas, toda a Nova Fundação necessita de momentos fraternos, pois os irmãos precisam também partilhar sem interesse, brincar juntos, perder tempo com o outro para conhecê-lo, amá-lo e principalmente, cada vocacionados precisa sair de si, de seu mundo confortável e isolado de viver, para encontrar o outro, para a convivência com os irmãos.
Quem organiza e determina os momentos fraternos são as autoridades da Nova Fundação, e devem acontecer semanalmente se tratando de comunidade de vida e periódica para os demais. Os encontros entre irmãos deverão ser reservados e estruturados: o que vamos fazer? Como? Quando e onde?
Todos precisam participar, presença de todos os membros da comunidade é intransferível e inalienável, podendo evidentemente no caso dos casais com filhos se revezarem entre si. A presença nestes momentos não pode ser livre, pois, para muitos estar junto é um fardo, a tendência é esquivarem-se, estes irmãos trazem dentro de si, dores que somente serão curadas, justamente através da fraternidade.
As atividades dos momentos fraternos devem ser diversificadas, para que não se caia sempre num assistir filme. É interessante que se formem através de escalas, grupos diferentes para pensar o que se fará a cada semana. As autoridades devem participar dos momentos fraternos e reajustá-los sempre que necessário.
Juntos para sempre:
“É como o orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a vida e uma bênção eterna.”
Podemos ter uma certeza: no estado definitivo, na vida eterna, não viveremos isolados, mas em uma festiva e gratificante união.
Lá entraremos em extraordinária comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Além Deles, com a multidão dos santos e santas, com a comunidade dos que foram salvos, com a agradável companhia da humanidade de todos os tempos.
Uma fraternidade que cresce na obscuridade cotidiana torna-se, por sua vez, um raio de luz que prenuncia a luz solar da fraternidade definitiva, jubilosa, beatificante.