Os monges e os eremitas escolhiam um espaço de deserto para encontrarem-se consigo mesmo e com Deus. Neste tempo de Quaresma somos convidados a fazer o mesmo. “Retorneis para dentro do vosso coração! Onde quereis ir longe de vós mesmos?
“Retorneis da vagabundagem que vos levou para fora do caminho, retorneis ao Senhor. Ele está pronto para acolher e perdoar” (Santo Agostinho). Infelizmente a interioridade é um valor em crise. São Francisco dizia: “nós temos um eremitério sempre conosco. Podemos entrar ali sempre que desejarmos. O corpo é o eremitério e a alma é o eremita que ali habita para orar a Deus e meditar.”
Os caminhos para se viver bem o tempo da Quaresma são: A oração, a esmola e o jejum. Nos deteremos com algumas observações sobre o jejum, pois a maioria dos católicos o entende somente na área da alimentação. A forma mais necessária de jejum, hoje, é a sobriedade. Hoje o mundo fez do conforto supérfluo e inútil um dos fins da própria atividade. Nos transformamos em devoradores de sons e imagens, os quais, em sua maioria, não são saudáveis; transmitem violência, maldades, ilusões e fantasias, incentivando os piores instintos que trazemos dentro de nós. O pior é que nos dão uma ideia falsa e irreal da vida, com todas as consequências que se derivam no impacto depois com a realidade.
É urgente esse jejum, para que não nos transformemos em um depósito de lixo. As imagens ruins não morrem quando chegam ao nosso interior, mas fermentam e são transformadas em impulsos para a imitação, condicionando terrivelmente a nossa liberdade. O homem é o que olha (contempla).
Façamos também um jejum de más palavras (murmurações, fofocas, mexericos, etc…). Que nessa Quaresma a graça de Deus nos alcance e nos livre dessas escravidões para celebrarmos bem a PÁSCOA.