Maria é Mãe da Igreja pois:

– “O Filho de Deus assume d’Ela a natureza humana, para libertar o homem do pecado” mediante os mistérios da Sua carne (L.G. 55);

– “Ela refulge em toda a comunidade dos eleitos como modelo de virtude” (cfr. L.G. 65 também o n. 63).

Cada mãe humana não pode limitar a sua missão à geração de um novo homem mas deve alargá-la à nutrição e à educação, assim se comporta também a bem-aventurada Virgem Maria. Depois de ter participado no sacrifício redentor do Filho, e de maneira tão íntima que lhe fez merecer ser por Ele proclamada Mãe não só do discípulo João, mas, seja consentido afirmá-lo, do gênero humano, por aquele de algum modo representado. E agora no céu, Ela continua a cumprir a missão que teve na terra de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida divina em cada alma dos homens remidos.

Esta é uma consoladora verdade, que por ser livre beneplácito de Deus sapientíssimo faz parte integrante do mistério da salvação humana; por isso ela deve ser considerada como de fé por todos os cristãos.

Maria Mãe espiritual mediante a sua intercessão junto do Filho
Mas de que modo coopera Maria no crescimento dos membros do Corpo Místico na vida da graça?

Por sua intercessão:

Em primeiro lugar mediante a sua incessante súplica, inspirada por uma ardente caridade. A Virgem Santa, embora feliz pela visão da augusta Trindade, não esquece os seus filhos que caminham como Ela outrora na “peregrinação da fé” (L.G. 58).

Contemplando-os em Deus e vendo bem as suas necessidades, em comunhão com Jesus Cristo que está “sempre vivo a interceder por eles” (Heb 7,25), deles se constitui Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira (cfr. L.G. 62).

Desta sua ininterrupta intercessão junto do Filho pelo Povo de Deus, tem estado a Igreja desde os primeiros séculos persuadida, como testemunha esta antiquíssima antífona que, com algumas ligeiras diferenças, faz parte da oração litúrgica tanto no Oriente como no Ocidente: “à tua proteção nos acolhemos ó Mãe de Deus; não desprezes as nossas súplicas nas necessidades, mas salva-nos de todos os perigos ó (tu) que só (és) a bendita”. Nem se pense que a intervenção maternal de Maria traga prejuízo à eficácia predominante e insubstituível de Cristo, nosso Salvador; pelo contrário, ela tira a sua força da mediação de Cristo e é dela uma prova luminosa (cfr. L.G. 62).

Justo culto de louvor e de gratidão à Mãe da Igreja

Pois bem, perante tanto esplendor de virtudes, o primeiro dever de quantos reconhecem na Mãe de Cristo o modelo da Igreja é o de, em união com Ela, render graças ao Altíssimo por ter realizado em Maria tão grandes obras em benefício da humanidade inteira. Mas não basta. É igualmente dever de todos os fiéis tributarem à fidelíssima Serva do Senhor um culto de louvor, de reconhecimento e de amor, uma vez que, segundo a sapiente e suave disposição divina, o seu livre consentimento e a sua generosa cooperação nos desígnios de Deus tiveram e continuam a ter uma grande influência na realização da salvação humana (cfr. L.G.56).

Por este motivo, cada cristão pode fazer sua a invocação de S. Anselmo: “Ó gloriosa Senhora, faz com que por ti mereçamos chegar até Jesus, teu Filho, que por teu intermédio se dignou descer até nós”.

Fonte: Parte da Exortação Apostólica “Signum Magnum” de Sua santidade Papa Paulo VI, sobre o Culto a Virgem Maria. Parágrafo I.