Na cruz, Jesus entregou, nu e ferido, seu Corpo para nos salvar; na Eucaristia, Ele torna a entregá-lo, oculto e glorioso, para nos comunicar os frutos da salvação. O Senhor mesmo o afirma, um ano antes de sua Páscoa definitiva, ao empregar uma linguagem fortemente sacrificial para referir-se ao santíssimo sacramento de seu Corpo e Sangue: “E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. É por isso que a Igreja ensina que entre o sacrifício do Calvário e o dos nossos altares não há mais do que uma diferença no modo de sacrificar. O único e mesmo sacrifício oferecido por Cristo, com efeito, na cruz foi cruento e nos nossos altares é incruento, mas sem diminuição de mérito nem de eficácia. Ora, se foi por causa de nós e para nos dar a vida que Ele se entregou no Calvário, é também por nós e para nos dar a vida que Ele todos os dias se entrega em nossos altares: “É a minha carne dada para a vida do mundo”. É com a consciência de estarmos realmente no Calvário que nos devemos aproximar da SS. Eucaristia, porque é ao mesmo sacrifício, à mesma oferenda e ao mesmo oferente que assistimos, não como quem contempla um simples ritual, mas como quem se sabe imerso no único e mesmo mistério pascal: “é a minha carne dada para a vida do mundo”.
A ideia do sacrifício da cruz é inseparável a do sacrifício do Altar. Não se vive neste mundo sem cruz, mas para nos ajudar a carregá-la, deu-nos o Senhor a Eucaristia. Ó bondade, ó misericórdia do Coração de Jesus! Sempre nos convida ao seu banquete de amor: “Vinde a mim, vós que estais sobrecarregados e que tanto sofreis, vinde, Eu vos aliviarei”
Se a cruz é de todos os dias, todos os dias vamos também à Eucaristia. Quando se padece, alivia-se o coração com uma visitinha ao Sacrário, com uma comunhão bem feita! “Os homens – dizia Jó – são consoladores importunos”. Tomemos o hábito de correr logo ao Sacrário, à mesa da comunhão, quando o sofrimento nos acabrunha, quando o coração está sobrecarregado e ferido. Só Ele, só Jesus pode suavizar a nossa dor.
Disse Nosso Senhor a uma alma: “Quando quero conduzir uma alma ao cume da perfeição, Eu lhe dou a cruz e a Eucaristia. A Eucaristia faz, primeiro aceitar, depois, amar e, afinal, desejar a cruz. A cruz purifica a alma e a dispõe e prepara para o Banquete Eucarístico. A Eucaristia nutre, fortifica a alma, ajuda a levar a cruz e sustenta-a no caminho do Calvário”
Fonte: parte do texto no site https://padrepauloricardo.org/episodios/cruz-e-eucaristia-um-so-sacrificio
