A Solenidade de Cristo Rei do Universo foi decretada por Pio XI, na primeira encíclica de seu pontificado, em 1925. No documento Quas Primas, o Santo Padre almejava recordar o Senhorio de Jesus sobre todos os reinados, governos e instituições. Via isso como tarefa urgente, dada a crescente rejeição aos ensinamentos da Igreja por parte dos homens, retirando Jesus Cristo e sua lei sacrossanta tanto da vida particular quanto da vida pública.

No centro deste percurso de revelação da realeza de Jesus Cristo está mais uma vez o mistério da sua morte e ressurreição. Quando Jesus é crucificado, os sacerdotes, os escribas dizem : “Se é o rei dos Judeus, desça da cruz, e acreditaremos” (Mt 27, 42) Na realidade, porque é o Filho de Deus, Jesus entregou-se livremente à sua paixão, e a cruz é o sinal da sua realeza, que consiste na vontade do amor de Deus Pai sobre a desobediência do pecado. É precisamente oferecendo-se a si mesmo no sacrifício de expiação que Jesus se torna o rei universal, como Ele mesmo declarará ao aparecer aos apóstolos depois da ressurreição: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra.” (Mt 28, 18).

Mas em que consiste o “poder” de Jesus Cristo Rei? Não é o dos reis e dos grandes deste mundo; é o poder divino de dar a Vida Eterna, de libertar do mal, de derrotar o domínio da morte. É o poder do amor, que do mal sabe obter o bem, encher de ternura um coração endurecido, levar paz ao conflito mais áspero, acender a esperança na escuridão mais cerrada. Este Reino da Graça nunca se impõe, e respeita sempre a nossa liberdade. Cristo veio para “dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37) – como declarou diante de Pilatos; quem acolhe o seu testemunho, coloca-se sob o seu Senhorio. Portanto torna-se necessária, sem dúvida, para cada consciência uma opção: quem quero seguir? Deus ou o maligno? A verdade ou a mentira? Escolher Cristo não garante o sucesso segundo os critérios do mundo, mas assegura aquela paz e alegria que só Ele pode dar. Demonstra isso, em todas as épocas, a experiência de tantos homens e mulheres que, em nome de Cristo, em nome da verdade e da justiça, souberam opor-se às lisonjas dos poderes terrenos com as suas diversas máscaras, até selar com o martírio esta sua fidelidade.

“Depois de séculos de modernidade dedicando-se ao império da razão dispensando Deus, o homem se vê perdido diante da percepção de sua impotência radical e se ilude substituindo Deus pela posse das coisas e satisfações efêmeras, tornando-se escravo delas, submerso numa existência sem autenticidade e vazia. É tempo, mais do que nunca, de retomar o caminho da verdadeira felicidade, submetendo-se ao Senhorio d’Aquele que é a verdadeira Vida, a Verdade em Que se fundam todas as nossas verdades: Jesus Cristo Senhor.” (Bento XVI)