No nosso corpo está impresso o projeto de Deus para nós. Tudo o que criastes proclama o vosso louvor[1], rezamos em cada Santa Missa. O homem e a mulher foram diante de toda a criação os únicos que receberam das Três Pessoas da Santíssima Trindade o elogio: “É muito bom” (Gn 1, 31).
Este elogio é perpetuado através do dom da fecundidade, único dom que tem a força específica de gerar vidas. A graça da fecundidade é enaltecida do Gênesis ao Apocalipse.
No teto da Capela Sistina, no Vaticano, tem uma pintura de Michelangelo, que representa a criação do homem. Deus no céu toca com o dedo indicador, o homem recém criado. A mulher que ainda não foi criada, mas está no pensamento de Deus, é representada na pintura de Michelangelo, estando abaixo do braço esquerdo de Deus, bem próximo do coração Dele.
A mulher é uma extensão da árvore da vida. São João no Livro do Apocalipse fala da árvore da vida, que fornece seus frutos, doze vezes por ano, dando cada mês um fruto (Ap 22, 2). Quem conhece um pouco da fisiologia reprodutiva da mulher, sabe que ela, na idade fértil libera um óvulo por mês, doze vezes por ano. No matrimônio é o Deus da vida, que bate na porta do casal, a cada mês, repetindo o mesmo convite: “Vocês aceitam como fruto do amor conjugal, uma nova vida?”.
Tem uma bela canção católica, baseada no livro do Cântico dos Cânticos (2, 10–13), que diz assim: “Vem formosa e bela, vem ao meu jardim, o inverno já passou, e a vinha em flor exala o seu perfume”. Este cântico pode atribuir também ao dom da fecundidade: O inverno representa o frio do tempo da esterilidade; o perfume da vinha em flor representa o tempo fértil, que é o tempo propício de gerar vida.
Alguns casais católicos afirmam: que este tempo que vivemos, não é propício para trazer ao mundo os filhos. As contradições do mundo, a violência, as perseguições e doenças sempre acompanharam o ser humano ao longo de toda a história. Em nenhum momento se levantou um profeta para anunciar para os casais, para que eles deixassem de terem filhos.
No início da Criação o Espírito Santo ordenou o que estava no caos. Quando o mundo estava submergindo nas trevas e na sombra da morte, houve outra intervenção: nasceu para nós um Menino, a luz das nações. É este Menino que continua a ser luz para os casais católicos de hoje, dando coragem. Através do mistério do Natal, os casais católicos recebem a força para continuarem a cumprir, como disse São Paulo VI, o gravíssimo dever de transmitir a vida (Humanae Vitae1).
Cleonice Macedo Kamer