Uma pesquisa feita na Itália sobre o grau de segurança na fase da juventude constatou momentos de particular segurança na faixa etária dos dezesseis aos trinta anos, marcada por um conhecido nível de insegurança. Aos dezenove anos chega-se a um “pico de segurança”, pois nesta idade a sociedade os reconhece em alguns aspectos, tais como: já podem votar, ter carteira de habilitação, entrar na escola de nível superior; isto exalta a capacidade de escolha para própria vida diante da sociedade. Aos vinte e cinco anos volta-se ao nível de insegurança, depois, até os trinta retorna-se a segurança.
Esse conhecimento pode ser importante para um formador pessoal, que já pode pedir, neste momento, saltos de qualidade ao vocacionado. O formador pode pedir que este vocacionado, dos dezenove e vinte cinco anos, chegue a uma escolha e decisão em relação à própria vida, ao seu estado de vida – seja qual for sua vocação – ainda que, só depois dos vinte cinco anos se possa ter uma escolha bem segura. Pesquisas indicam que depois dos trinta anos, se a pessoa não discerniu sua vocação, seu lugar na Igreja ou no mundo, ela não se adaptou às realidades que a cercam e isso é muito preocupante, porque ninguém se sente feliz fora de seu habitat. É claro que não se pode generalizar, cada caso é um caso. As pesquisas trazem contribuições interessantes, mas não são absolutas, existem as variáveis. Existem, por exemplo, casos de situações duras no passado, traumas e perdas, experiências vocacionais equivocadas ou negativas, impossibilidades físicas ou culturais, enfim, muitas situações externas e internas que também são fatores que provocam a estagnação da vocação.
Momento de admissão:
É papel dos formadores fazer o discernimento do chamado. É preciso verificar se aquele chamado é autêntico, avaliar o caminho já percorrido, levar o vocacionado a tomar consciência do que está pedindo e colocá-lo em confronto com as exigências do chamado.
A tomada de consciência da vocação é muito importante, é como tomar consciência da própria identidade. É preciso fazer uma releitura da própria história pessoal e o vocacionado deve confiar que o formador já percorreu este percurso. Jamais teremos uma certeza matemática e exata, pelo menos num primeiro momento, da caminhada vocacional. Podemos chegar, no máximo, a uma certeza moral, ou seja, uma impressão, uma confirmação interior e intuitiva de que ali existe um chamado vocacional.
Primeiro momento: A Experiência Vocacional
Pode-se designar como experiência vocacional o primeiro ano de vida comunitária dentro da comunidade de vida ou de aliança, em que se assume integralmente a regra de vida da comunidade.
A Pessoa do Vocacionado
Designa-se como vocacionado a pessoa que sente forte atração pelo Carisma e que demonstra o desejo de viver aquela vida da comunidade. Trata-se daquela pessoa que não vê outro sentido em sua vida, a não ser o sentido do doar-se inteiramente a Deus e ao serviço de Deus, através dos homens. Este apaixonado por Deus e pelo carisma é o verdadeiro candidato ao vocacional.
Os encontros vocacionais acontecem livremente, de acordo com a moção que o Espírito Santo dá a cada Carisma. O fundador com seu conselho devem buscar em Deus a maneira que Ele deseja se manifestar no Carisma.
Atenção: formadores, não basta formar pessoas dóceis, não basta. É preciso cuidar da mente e do coração, formar pessoas que saibam questionar-se sobre “onde está o meu Deus nessa situação que estou vivendo?”, vocacionados dispostos a se deixar formar em cada circunstância que se apresenta em seu dia a dia. Pe. Amedeu Cencini