Estamos em tempo de quaresma. Para muitos, um tempo desconhecido, para tantos outros, algo esquecido, enterrado em meio aos lixões do mundo.
Quaresma, quarenta dias que antecedem a semana da Páscoa, é um tempo de urgente e necessário reajustes em nossa caminhada cristã católica. Nos lembra os dias que Jesus esteve no deserto enfrentando as tentações, preparando-se assim para a sua missão de anunciar e fazer acontecer o Reino de Deus.
As tentações sofridas por Jesus são as mesmas que nós também temos que passar, enfrentar e vencer como ele próprio fez e nos deixou o caminho para com ele sermos vitoriosos e assim estarmos capacitados para continuar a jornada rumo a Páscoa definitiva.
A Igreja, e cada um de nós, os batizados, ainda hoje vivemos no deserto em tentações e lutas, por isso Jesus nos ensinou a rezar: “não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”. Jesus venceu as tentações com duas armas: o jejum e o uso da Palavra de Deus (está escrito).
No prefácio da Liturgia das Cinzas há este elogio ao jejum: “Vós vencereis vossas paixões, elevais o espírito, infundis a força e dais o prêmio”.
Temos que nos questionar: Qual jejum pode nos alcançar efeitos tão extraordinários e profundos? Certamente o jejum do corpo (alimento). O jejum do mundo – “não nos conformar com a mentalidade deste mundo” (cf. Rm 12,2); abster-nos não só do pecado, mas das coisas inúteis, supérfluas, que sobrecarregam o espírito que ligam a alma ao corpo e o corpo à terra.
Ao lado da palavra portuguesa “conversão” a palavra grega “metanoia” significa “revolução mental” ou seja, uma revolução contra si mesmo em nossa liberdade doentia (concupiscência). Toda a revolução que não parte de dentro, do próprio coração, mas só quer derrubar estruturas é falsa. É como fazer um buraco na água. Diz o Senhor: “Voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto e encontrareis a Paz e o descanso.”
Que nesta quaresma voltemos a buscar seriamente o caminho da Redenção, ou seja, do retorno aos braços do Pai por seu Filho Jesus Cristo no Espírito Santo. Amém
Maria Francisca C. Longhi
Fundadora da Comunidade Católica Oásis